Bovespa contraria expectativas e fecha com avanço de 1% 13/04/2009
- Folha Online
A forte procura dos investidores pelas ações da Vale do Rio Doce ajudou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) a retomar o preço dos 46 mil pontos, perdido desde outubro do ano passado. O desempenho da Bolsa brasileira contrastou com as Bolsas americanas, principal "guia" dos negócios domésticos, que encerraram os negócios de hoje em baixa. O câmbio teve um dia morno e manteve a taxa de R$ 2,17.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, teve avanço de 1%, marcando os 45.991 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,24 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York retraiu 0,32%.
As ações ordinárias e preferenciais da Vale responderam por mais de 20% dos negócios de hoje da Bolsa. Somente a ação preferencial movimentou R$ 623 milhões, com valorização de 2,42%. Outro papel bastante influente da Bolsa, a ação preferencial da Petrobras, teve leve baixa de 0,16%.
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"Surgiram algumas notícias positivas no mercado asiático, com alguma perspectiva de aumento da demanda na China, que é um dos maiores compradores mundiais de minério, o que sempre ajuda a Vale", comenta Marco Aurélio Etchegoyen, operador da corretora gaúcha Diferencial.
Na semana passada, profissionais de mercado comentavam que a Bolsa de Valores poderia ter uma correção acentuadas dos preços perto do patamar de 47 mil pontos. A semana é "favorável" para uma realização de lucros, estando carregada de indicadores importantes nos EUA e com a previsão de que vários grandes bancos revelem os resultados do primeiro trimestre, o que eleva a tensão do mercado.
"Eu creio que nós vamos passar por um período de realização, até porque tem vários indicadores influentes previstos para os próximos dias nos EUA. No entanto, se os bancos americanos realmente confirmarem o que disseram em março, que já começaram a ficar rentáveis no início deste ano, isso pode dar um ânimo novo para a Bolsa de Valores", ressalta Etchegoyen, da Diferencial.
Alguns economistas do setor financeiros estão céticos com o clima de "o pior já passou" que predomina no mercado de capitais e esperam novos períodos de volatilidade das ações nas próximas semanas.
O dólar comercial foi vendido por R$ 2,173, em alta modesta de 0,09% sobre a cotação de quinta-feira. A taxa de risco-país marca 378 pontos, número 1,61% acima da pontuação anterior.
China, Vale e PIB
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que disse à imprensa oficial que a economia de seu país mostrou sinais positivos antes que o esperado, no primeiro trimestre do ano, como consequência do plano de estímulo econômico adotado em novembro do ano passado. A China é um dos principais importadores de minerais metálicos e grande cliente dos produtos da Vale.
As declarações de Jiabao ganharam reforço nas palavras de Fábio Barbosa, presidente da Vale. Ele apontou que já foi identificado um sinal de reversão do ritmo decrescente observado após setembro, principalmente por parte da China. "Houve um forte ajuste da demanda, mas há um início de estabilização da produção, ainda que em nível mais baixo", disse ele.
Entre as principais notícias do dia, o boletim Focus, preparado pelo Banco Central, mostra que os economistas do setor financeiro estão ainda mais pessimistas sobre a economia brasileira: as projeções de contração do PIB (Produto Interno Bruto) passaram de uma queda de 0,19% para uma retração de 0,30%. A expectativa para a inflação do ano também voltou a cair: de 4,26% para 4,25% (IPCA previsto).
O novo presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendini, afirmou que a instituição bancária vai reduzir as suas taxas de juros e o "spread" bancário de forma agressiva, mas dentro dos padrões de qualidade na análise do crédito. Ele assume o cargo no próximo dia 23.
A agenda econômica externa foi bastante esvaziada nesta segunda-feira. Os primeiros indicadores de relevância começam a ser divulgados somente a partir de amanhã, como por exemplo, o PPI (o índice de preços ao produtor norte-americano, na sigla em inglês).