Bovespa fecha em alta de 1,66%, puxada por ações da Vale 16/04/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
Os investidores voltaram às compras na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) na jornada desta quinta-feira, somente após dois dias de realização de lucros (venda de ações para embolsar ganhos). Mais uma vez, a ação da Vale do Rio Doce puxou a recuperação.
O balanço do banco JP Morgan ajudou a melhorar os ânimos nas Bolsas americanas, que praticamente ignoraram uma nova rodada de notícias negativas da economia local. A taxa de câmbio bateu R$ 2,17.
O desempenho da economia chinesa também foi outro fator que imprimiu novo fôlego nos negócios. O crescimento de 6,1% no primeiro trimestre, embora abaixo do padrão histórico chinês, foi bem recebido pelo mercado: os economistas já viram sinais de "recuperação" na comparação dos trimestres subsequentes. O país é um dos maiores importadores globais de matérias-primas, o que favorece várias empresas brasileiras com ações na Bolsa.
PUBLICIDADE
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, avançou 1,66%, alcançando os 46.024 pontos, seu melhor nível desde outubro de 2008. O giro financeiro foi de R$ 5,03 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York valorizou 1,19%.
A ação preferencial da Vale foi o papel preferido pelos investidores, que movimentaram cerca de R$ 800 milhões no pregão de hoje. Esse ativo valorizou 0,77%, enquanto a ação preferencial da Petrobras teve apenas uma leve alta de 0,06%.
"O mercado está vendo a economia asiática, que parece estar melhorando, e que é um grande comprador de minerais, entre outras matérias-primas. Isso tem sustentado a ação da Vale, e também das siderúrgicas, que haviam sido muito penalizadas", comenta Boris Kogan, da mesa de operações da corretora Walpires.
O dólar comercial foi cotado por R$ 2,177, em baixa de 0,91%. A taxa de risco-país marca 386 pontos, número 0,77% abaixo da pontuação anterior. "Se nós continuarmos a ver essa melhora do mercado, é possível que o dólar chegue a R$ 2,10 talvez ainda nas próximas semanas", comenta João Carlos Reis, diretor da tesouraria da corretora Prime.
EUA
Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Comércio nos EUA revelou que o ritmo de construção de casas caiu 10,8% em março, para uma taxa anualizada de 510 mil unidades. Trata-se do segundo pior resultado desde 1959.
Ainda nos EUA, o Departamento de Trabalho informou que o total de pedidos pelo seguro-desemprego teve um recuo de 53 mil solicitações na semana passada.
Na Europa, a principal notícia do dia é a contração recorde (18,4%) da produção industrial entre os países da zona do euro, puxada pela queda de 4,3% no setor de bens duráveis.
Ontem à noite, o banco JP Morgan anunciou lucro de US$ 2,14 bilhões (US$ 0,40 por ação) no primeiro trimestre, um resultado 10% abaixo do ano passado no mesmo período. O ganho, no entanto, está bem acima do esperado por analistas (US$ 0,32 por ação).
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) comunicou que as vendas do comércio varejista tiveram crescimento de 1,5% em fevereiro na comparação com janeiro e de 3,8% sobre fevereiro de 2008. O consenso de mercado apontava um crescimento de somente 1% no mês e de 4% nos 12 meses.
A Receita Federal revelou que a receita da arrecadação caiu em março pelo quinto mês consecutivo: foram arrecadados no período R$ 53,261 bilhões, recuo de 1,1% (descontada a inflação) em relação a março de 2008.