Dilma continua candidata do PT, dizem lideranças 25/04/2009
- Rejane Lima - Agência Estado
Líderes do PT de São Paulo afirmaram hoje, em evento realizado em Cubatão, na Baixada Santista, que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tem cumprido sua agenda normalmente e que ela "continua sendo a candidata natural do partido" nas eleições presidenciais em 2010. O deputado federal José Eduardo Cardozo afirmou que esteve com Dilma Rousseff nesta semana e que ela está "ótima e saudável". "É a nossa candidata", disse, em referência às eleições presidenciais de 2010, pouco antes de saber que a ministra havia confirmado em São Paulo o tratamento quimioterápico contra as consequências de um câncer (linfoma), já retirado.
O senador Aloizio Mercadante disse que não sabia de qualquer problema com a ministra e adotou tom cauteloso ao comentar a doença de Dilma. "Eu mesmo tinha uma prostatite (inflamação na próstata), e publicaram que eu tinha tirado a próstata e estava com câncer. Eu estava internado, mas não estava com uma coisa nem outra", disse, ressaltando que era importante tomar cuidado para que não fossem publicadas informações improcedentes sobre o assunto.
"A gente está sempre passando por hospital e recauchutando. Faz parte se preparar, ainda mais com a campanha que ela tem pela frente", completou o senador, deixando claro o apoio ao nome da ministra para a corrida presidencial. Mercadante, inclusive, reafirmou durante discurso em reunião do partido seu desejo de ver uma mulher presidente do País. Já o presidente estadual do PT, Edinho Silva, afirmou que checaria a informação de que a ministra teria colocado um cateter, porque "ela tem cumprido a agenda normalmente", afirmou. Os representes do PT participam hoje das atividades da caravana estadual do partido em Cubatão, na Baixada Santista.
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Saiba mais sobre a doença*
O linfoma, doença que atingiu a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), é um tipo de câncer que se origina com a transformação dos linfócitos (células responsáveis pela defesa imunológica do organismo, importantes para o combate a infecções).
Uma alteração nessas células faz com que elas cresçam de modo descontrolado e se multipliquem de maneira errada. Com isso, há um acúmulo de linfócitos nos linfonodos (gânglios do sistema linfático), que ganham tamanho.
Geralmente, os linfomas começam nesses linfonodos, com o aparecimento de nódulos em qualquer área do corpo em que eles estiverem -- é comum que surjam em regiões como pescoço, virilha e axilas -- este último foi o caso da ministra. Entretanto, os linfomas podem se formar em outras partes do corpo -- baço e medula óssea são comuns, mas é possível que isso ocorra em órgãos como estômago e fígado, entre outros.
A detecção é complexa porque o inchaço dos linfonodos pode ser reação a uma infecção, por exemplo, e não necessariamente um câncer. Além disso, os sintomas podem ser mascarados por uma série de fatores: o uso de anti-inflamatórios, por exemplo, pode diminuir momentaneamente o tamanho dos gânglios, adiando o diagnóstico.
É comum que esse inchaço seja identificado em exames físicos ou por imagem, como um raio-X. O diagnóstico é feito por meio de uma biópsia do linfonodo ou do órgão afetado.
Em geral, o tratamento é feito com quimioterapia, radioterapia ou uma combinação dos dois procedimentos.
Chances de recuperação são "altíssimas", dizem médicos
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) tem chances "altíssimas" de se curar totalmente do linfoma detectado há cerca de um mês, segundo a equipe médica do hospital Sírio-Libanês. O otimismo da equipe se justifica pelo fato de o linfoma ter sido detectado no estágio mais inicial da doença.
Segundo o oncologista Paulo Hoff, que acompanha o tratamento de Dilma, as chances são de mais de 90%. "São altíssimas. São de mais de 90%", afirmou.
A ministra deve ficar por quatro meses em tratamento com quimioterapia, para combater um linfoma (câncer no sistema linfático). Ela deve se submeter a sessões a cada três semanas, segundo a equipe médica do Hospital Sírio-Libanês.
De acordo com os médicos, a quimioterapia será feita por questão de segurança, como tratamento complementar para o linfoma do tipo B de grandes células. A ministra afirmou que há cerca de 30 dias, em uma tomografia feita durante um exame de rotina, foi detectado um nódulo de dois centímetros em sua axila esquerda, que já foi retirado.
Exames constataram que não havia outros focos da doença em seu organismo. "Os médicos me asseguraram que as consequências da quimioterapia não são problemáticas, que posso continuar com meu ritmo de trabalho", afirmou Dilma.
De acordo com a oncologista Yana Novis, não há uma regra específica para repouso em razão da quimioterapia. "Ela pode fazer a aplicação, que dura cerca de quatro horas, ir para a casa e trabalhar no dia seguinte", afirmou a médica.
A possibilidade de a ministra apresentar efeitos colaterais em função da quimioterapia são mínimos, de acordo com Novis. A ministra afirmou estar se sentindo "muito bem". "Essa é uma das coisas contraditórias dessa doença -- não tem sintomas. Me sinto totalmente bem", afirmou. "Na vida de todos nós é normal ficarmos diante de problemas, de desafios, de opções. Esse é mais um desafio que eu terei na minha vida." Após a quimioterapia, a ministra Dilma continuará com seus exames regulares, como fazia anteriormente.