GM oferece controle ao governo dos EUA em troca de mais US$ 11,6 bi 28/04/2009
- Folha Online
O governo americano poderia assumir o controle da fabricante de veículos GM (General Motors) em troca de oferecer outros US$ 11,6 bilhões em ajuda à montadora, segundo o plano da empresa para acelerar seu plano de reestruturação -- que envolve ainda a extinção da marca Pontiac, o corte de 21 mil empregos e o fechamento de 13 unidades nos EUA até o final de 2010.
Esses US$ 11,6 bilhões, segundo a proposta da GM, se somariam aos US$ 15,4 bilhões que a GM já recebeu em ajuda do governo -- na quarta-feira (22) o Departamento do Tesouro liberou para a GM mais US$ 2 bilhões para manter sua produção e financiar seu capital de giro; a empresa já havia conseguido US$ 13,4 bilhões no ano passado para não falir. Neste ano, a GM pediu ao governo do presidente Barack Obama outros US$ 16,6 bilhões em empréstimos.
A montadora também anunciou um plano de troca de US$ 27 bilhões de dívida não assegurada por ações: a empresa quer oferecer 225 ações para cada US$ 1.000 em dívidas de seus credores -- na cotação das ações da GM ontem na Nyse (Bolsa de Valores de Nova York, na sigla em inglês), isso chegaria a cerca de US$ 452.
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Com a troca, e a conversão de sua dívida com o Departamento do Tesouro e com um fundo de funcionários aposentados do UAW (United Auto Workers, principal sindicato do setor automobilístico nos EUA), a GM poderia reduzir sua dívida em US$ 44 bilhões. Dessa forma, o Tesouro ficaria com o controle de mais da metade da GM.
O presidente da GM, Fritz Henderson, disse que a montadora continuará a ser "uma companhia global, mas sua natureza vai mudar", quando sua reestruturação tiver sido concluída. A GM vai se concentrar na manutenção de quatro marcas (Chevrolet, Cadillac, Buick e GMC).
Sobre a venda da Opel, Henderson disse que a GM "não ficará ausente da Europa. Estaremos presentes em virtude de nosso investimento na empresa e seremos capazes de aproveitar esse investimento em termos de eixos motor, desenvolvimento de veículos e tecnologia".
Obama
No dia 30 de março, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, negou que o governo tenha intenção de assumir o controle da GM.
"Embora a GM tenha feito um esforço de boa fé para se reestruturar nos últimos meses, o plano que eles apresentaram não é, na sua forma atual, sólido o suficiente", disse. "Mas vou ser claro: o governo dos EUA não tem nenhum interesse ou intenção de assumir a condução da GM. Estamos interessados em dar à GM uma oportunidade para que sejam finalmente feitas as mudanças muito necessárias que permitirão à empresa ressurgir mais forte e mais competitiva."
O governo concedeu um prazo até 1º de junho para que a GM entregue um projeto detalhado de reestruturação. Caso as propostas não sejam consideradas viáveis pelas autoridades, a maior montadora americana poderá recorrer ao "Chapter 11" (o capítulo da legislação dos EUA para falências e concordatas).
Pela lei, recorrer ao capítulo 11 significa que a empresa reconheceu que não pode quitar suas dívidas e pode ter um prazo para reorganizar suas contas junto aos credores.