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DIA A DIA

Gripe suína pode abrir novos mercados ao País
28/04/2009 - Carolina Gama e Renato Carvalho - DCI

O Brasil pode ganhar novos mercados com a decisão de China, Coreia do Sul, Indonésia, Filipinas, Líbano e Rússia de suspenderem a importação de carne suína e derivados do México e de três estados norte-americanos: Texas, Kansas e Califórnia. Além disso, a gripe suína também deve impactar na cotação de commodities como o milho e a soja.

"Pode mexer nos preços do milho, apesar de esse produto também estar focado em energia nos EUA. Gera uma insegurança", diz Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) e da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). "Ainda não está claro, não dá para medir o que é factível e o que é especulação".

Lovatelli e Wagner Rossi, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também admitiram que a doença afetaria o mercado de soja.


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Os casos de gripe suína em humanos, que já causaram pelo menos 103 mortes no México, geram uma insegurança e incertezas para o agronegócio do Brasil, importante exportador de grãos e de carnes, afirmaram fontes dos setores público e privado. "É preciso não haver terrorismo. Não há um nenhum indício de que haja ameaça à suinocultura brasileira", disse Rossi.

Segundo a Avisite, portal especializado em avicultura, é quase inevitável que em um primeiro momento haja queda no consumo de carne suína que, entretanto, deve ser passageira. Além disso, a demanda internacional também deve ser afetada e a questão que surge, neste instante, é se o Brasil também pode ser afetado por esse processo. Para a Avisite, esses embargos podem criar brechas para o produto de países como o Brasil.

"O mercado é sensível, há fatores psicológicos. Se o mercado achar que os consumidores vão comer menos, naturalmente haverá uma reação do mercado, mas isso é um primeiro momento", diz Lovatelli. Entretanto, ele cita que no caso de haver embargos aos produtos suínos de países com registros da gripe, como os Estados Unidos, a indústria de carne do Brasil até poderia se beneficiar - as informações são de que a gripe não se espalha pelo consumo da carne. "Poderia até ser positivo para o Brasil, uma vez que ela (gripe) não chegou por aqui", acrescenta Lovatelli.

Os Estados Unidos são o primeiro exportador mundial de carne suína e, segundo o Departamento de Agricultura do país (USDA, na sigla em inglês). No ano passado, os norte-americanos exportaram 2,313 milhões de toneladas de carne suína - quase 40% do comércio internacional. Desse total, 14% são redirecionados para o México. Já o Brasil vendeu ao exterior 529,41 mil toneladas de carne suína no ano passado - 12,71% a menos que o registrado em 2007, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).

"No momento, o que parece mais assustador para a indústria de carne suína dos EUA é que o México é o destino de cerca de 14% das exportações do produto norte-americano e realizou boas compras no começo de 2009", afirmou Robert Moskow, analista do Credit Suisse Group. "É difícil ver como o ritmo de compras poderia continuar, com o governo mexicano declarando estado de emergência e os consumidores distantes de restaurantes e locais públicos", disse Moskow.

Ainda de acordo com a Avisite, a eventual queda na demanda de carne suína também deve criar oportunidades de mercado para a carne de frango brasileira.

No dia 19, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parte para a China para destravar as negociações para a ampliação da cota brasileira de carne suína ao país asiático. O Brasil também discute junto à Rússia o aumento de venda de carne suína e de frango.

Além de proibir a importação de carne suína do México e dos três estados norte-americanos, a Rússia também embargou produtos vindos da América Central, Cuba, República Dominicana, Panamá e Colômbia.

"Não há qualquer problema em consumir a carne suína. Não existe nenhuma relação entre a gripe mexicana e o rebanho de suínos no Brasil ou em qualquer parte do mundo. O problema é o contágio entre humanos e não entre animais e pessoas", diz Pedro de Camargo Neto, presidente da Apibecs, que prefere chamar a gripe suína de gripe mexicana. "A gripe mexicana é uma questão de saúde pública e não de saúde animal", reforça Camargo Neto. Segundo ele, não é hora de especular comercialmente se o Brasil será beneficiado com o evento no México e nos EUA.

Ontem, governos de todo o mundo se mobilizam para tentar conter uma possível pandemia de gripe, causada por um vírus que já matou 103 pessoas no México e chegou aos EUA e talvez até à Oceania. A presidência tcheca da União Europeia agendou para quinta-feira uma reunião extraordinária com ministros da Saúde dos 27 países que fazem parte do bloco. No Brasil, até o fechamento desta edição, três casos estavam sob suspeita.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu ativar a sua sala de guerra - um centro de comando que funciona 24 horas por dia. Não foram verificadas mortes fora do México, mas já houve 20 casos identificados nos EUA e 6 no Canadá e um na Espanha. Possíveis casos estão sendo verificados na Europa (Espanha, França e Grã-Bretanha), em Israel e na Nova Zelândia. Autoridades sanitárias colombianas isolaram nove pessoas que tinham visitado o México por questão de segurança. Os países reforçaram a vigilância em portos e aeroportos, usando sensores e câmeras térmicas para localizar pessoas com febre.

O gabinete japonês realizou uma reunião de emergência na qual decidiu priorizar a produção de uma nova vacina. Autoridades de toda a Ásia tentaram tranquilizar suas populações, afirmando haver estoques suficientes de medicamentos para o surto.

A nova cepa mistura vírus humanos, suínos e aviários, e representa o maior risco de uma pandemia desde o surgimento da gripe aviária, em 1997, que matou centenas de pessoas. Em 1968, a gripe de Hong Kong matou cerca de 1 milhão de pessoas no planeta.

Os Estados Unidos declararam emergência pública sanitária no domingo. Embora a maioria dos casos fora do México seja relativamente benigna, uma dirigente do Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) afirmou que podem ocorrer mortes nos EUA.

  

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