Brasil retoma aos poucos as exportações de carne bovina à Europa 06/05/2009
- France Presse
O Brasil se ajusta gradualmente às exigências sanitárias da UE (União Europeia) para a exportação de carne bovina, o que permitiu a 10% das fazendas retomar a atividade desde o início de 2008.
A UE limitou fortemente em 31 de janeiro de 2008 as importações de carne bovina brasileira ao detectar deficiências no controle veterinário, especialmente no rastreamento, ou seja, o processo de identificação e acompanhamento dos animais.
Das quase 9.000 fazendas autorizadas à exportação em dezembro de 2007, o número caiu a menos de uma centena. Em março do ano passado foram habilitadas 860 propriedades, ou seja, quase 10% do número inicial, segundo dados fornecidos por fontes diplomáticas em Bruxelas.
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"O Brasil tem feito muitos esforços na aplicação das normas mais estritas", informou Bernard Van Goethem, diretor do departamento de Saúde Animal da Comissão Europeia. "Na última visita ao Brasil de um grupo de inspetores europeus realizada no início do ano, foram constatados progressos importantes, sobretudo no que diz respeito ao rastreamento, em que antes havia muitos problemas", disse Van Goethem.
Saindo da lista
O aumento constante das exportações, porém, contrasta com o fato de que algumas fazendas autorizadas estão saindo da lista, admite o dirigente da Comissão Europeia, para quem no entanto a situação envolve um "mecanismo normal". "Estas propriedades consideram que o exterior apresenta poucos incentivos financeiros, já as exigências sanitárias impostas pela UE encareceram a exportação", explica.
De acordo com fontes ligadas ao caso o problema agora é outro: a capacidade de oferta do Brasil estaria afetada por uma forte demanda interna e pelo fechamento de muitas empresas em consequência da crise econômica mundial. "Isto tem provocado uma diminuição dos estoques", explica uma fonte.
"Não estamos preocupados com o abastecimento de carne bovina brasileira", alega Van Goethem, antes de recordar que a Argentina proibiu temporariamente em 2006 as exportações para abastecer o mercado interno. "São flutuações de mercado normais", insiste.
No entanto, a previsão é de queda de 4,8% da produção europeia até 2015, na comparação com os níveis de 2008, ao mesmo tempo que o consumo cairia 0,8% no período.
Para preencher a diferença, a Comissão Europeia admitiu em um relatório divulgado em março que precisará aumentar as importações nos próximos anos, o que espera fazer com a recuperação das exportações do Brasil e da Argentina. Atualmente, a UE importa 5% da carne bovina que consome de quatro países sul-americanos --Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai--, além de outros como Canadá, Estados Unidos, Austrália ou Namíbia.
Ao mesmo tempo, Van Goethem descarta no momento que a gripe suína leve os europeus a consumir mais carne bovina em detrimento do porco, como pode acontecer na Rússia, que proibiu as importações de produtos suínos procedentes da Espanha, Reino Unido e de algumas regiões do Canadá e Estados Unidos.
"Os europeus são pessoas adultas, que entenderam que a gripe suína não tem relação com o porco, como não cansam de repetir organizações internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS)", destaca Van Goethem.