Sem comentar fusão, Sadia diz esperar retomada nas exportações no 2º tri 15/05/2009
- Marcel Gugoni - Folha Online
Responsável por grande parte do prejuízo da Sadia no primeiro trimestre de 2009, as exportações são a grande expectativa para a melhora dos negócios da empresa nos próximos meses. Em conferência telefônica com analistas, o diretor de relação com investidores Welson Teixeira Junior afirmou que a empresa projeta uma recuperação no mercado externo.
Pouco antes de falar sobre os resultados da empresa, Teixeira afirmou que a empresa não comentaria sobre a fusão com a Perdigão, cuja definição está prestes a ser divulgada. "Não vamos fazer nenhum comentário sobre a fusão entre a Sadia e a Perdigão", afirmou.
A empresa anunciou nesta quinta-feira que teve um prejuízo líquido de R$ 239,169 milhões no primeiro trimestre deste ano, ante lucro de R$ 248,266 milhões no mesmo período do ano passado. Para Teixeira, as perdas foram puxadas pela queda de 10,5% no volume de vendas no mercado externo e ajustes de estoque e produção no trimestre, em decorrência da crise.
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"O mercado externo deu uma parada brusca no final do último trimestre e do primeiro trimestre de 2009, o que nos obrigou a rever os negócios", afirmou. "Fomos obrigado a fazer paradas técnicas em algumas fábricas, ajustar estoques e reduzir a produção."
O volume total de vendas caiu 0,5% no primeiro trimestre e totalizou 530 mil toneladas. No mercado interno, a empresa registrou uma alta de 10,3% nas vendas. "Com a crise econômica mundial e a restrição de crédito nos mercados da Ásia e da Eurásia, tivemos que redirecionar produtos do mercado externo para o mercado interno, o que levou a uma queda ne preços devido ao excesso da demanda", explicou Teixeira.
A receita bruta da empresa no período até 31 de março ficou positiva, alcançando R$ 2,9 bilhões. No exterior, porém, houve queda de 3,3% em relação ao primeiro trimestre de 2008, para R$ 1,2 bilhão.
Dívidas e crescimento
A empresa encerrou o primeiro trimestre com endividamento financeiro líquido de R$ 6,8 bilhões, enquanto o resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 260 milhões. "Esse trimestre foi totalmente atípico na questão de custos", ressaltou o diretor da Sadia.
"Tivemos R$ 260 milhões de custos financeiros devido à nossa alta dívida [acumulada nos trimestres anteriores]. Do fim de 2008 para o trimestre passado, praticamente mantivemos o nível do endividamento."
A maior despesa financeira (R$ 122,9 milhões) refere-se a pagamentos de juros de financiamentos seguida pelo impacto de R$ 71,2 milhões em variações cambiais sobre ativos e passivos em moeda estrangeira.
"Para os trimestres futuros estamos prevendo uma melhora nos mercados", afirmou. "Estamos vendo uma recuperação em vários mercados, principalmente na Europa e no Oriente Médio."
"O mercado do Oriente Médio está se mostrando muito bom. Houve um problema de crédito com um dos distribuidores locais no trimestre. Temos a expectativa de que nos próximos meses vamos retomar este mercado que foi momentaneamente desabastecido pela Sadia."