Por Copa-2014, hotéis recorrem a dinheiro do governo 28/05/2009
- Rodrigo Mattos e Paulo Cobos - Folha de S.Paulo
Único setor essencialmente privado da Copa do Mundo de 2014, a hotelaria só conseguirá a expansão necessária para o evento caso tenha apoio do governo. É o que pede a entidade representante do setor sobre a expansão exigida pela Fifa.
Pelo relatório da entidade que dirige o futebol, o Mundial requer 55 mil quartos do país-sede. A marca não é problema para o Brasil. A dificuldade está na distribuição: determinadas cidades têm deficiências nos patamares para o evento.
Segundo dados das próprias cidades candidatas, a Fifa pede que cada uma tenha número de leitos que represente 20% dos assentos dos estádios. Por esse critério, cinco delas não atingem hoje o exigido pela entidade: Belém, Rio Branco, Manaus, Campo Grande e Cuiabá.
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"A participação do governo para alavancar o número de hotéis é necessária. Temos que saber se os problemas orçamentários vão afetar. O governo vai ter que tomar uma decisão", diz o diretor da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Alexandre Sampaio.
Segundo ele, a principal reivindicação do setor é o aumento do crédito da Caixa Econômica Federal para a expansão de hotéis. Já existe um programa com esse objetivo, mas teria de ser três vezes maior.
Com o financiamento, a ABIH estima que haverá interesse de expansão das grandes redes de hotéis em todas as cidades escolhidas pela Fifa. Sem o dinheiro público, não há condições de obter recursos em bancos privados, mais caros e lentos, segundo Sampaio.
O Ministério do Turismo diz que já trabalha junto a instituições de crédito e ao Ministério da Fazenda para que as cidades anunciadas no próximo domingo possam desenvolver projetos no setor de hotelaria.
Nas negociações sobre as cidades-sede, a Fifa já admitiu a autoridades brasileiras flexibilizar regras para a distância dos hotéis. Ou seja, seria permitido que os estabelecimentos ficassem a mais de 50 km do estádio. Assim, hotéis em áreas de turismo rural, como nos arredores de Campo Grande e Goiânia, poderiam ser utilizados.
Duas cidades, que sediarão os jogos de abertura e final, terão exigências maiores de número mínimo de quartos. Mas as favoritas para esses eventos já possuem grande rede.
São Paulo dispõe hoje de 42 mil quartos. Em Belo Horizonte, são 19 mil. No Rio de Janeiro, 28 mil --a capital fluminense precisaria ter um mínimo de 25 mil para receber a final, anúncio já tratado como certo.
A expansão da rede hoteleira não é o único problema. A ABIH também diz que o governo tem que investir na formação de mão de obra, com cursos de inglês e espanhol, reivindicação que o Ministério do Turismo diz estar atendendo.
Além disso, aproveita o assunto para mais um pedido de ajuda aos cofres públicos: a entidade também reivindica a isenção de vários tributos.