Bolsa de Valores foi investimento mais rentável pelo terceiro mês 30/05/2009
- Epaminndas Neto - Folha Online
A Bolsa de Valores continuou a fazer a alegria dos investidores em maio, dando sequência a dois meses já de bons ganhos. Na mão inversa, o dinheiro aplicado em dólar e ouro voltou a render abaixo da inflação do mês. Maio também foi a temporada em que o retorno dos fundos de renda fixa mais conservadores começaram a empatar, ou até mesmo perder, da popular caderneta de poupança.
O otimismo dos investidores com a economia global fez a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) disparar neste mês: o índice Ibovespa, referência para boa parte dos fundos de renda variável dos bancos, valorizou 12,49%, puxado por mais de R$ 5 bilhões em dinheiro estrangeiro.
Analistas veem com alguma reserva o desempenho da Bolsa de Valores em junho, avaliando que as ações brasileiras subiram muito rapidamente nos últimos meses, principalmente em abril e maio. E esperam ajustes dos preços à frente.
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Os fundos de investimentos do tipo DI e Renda Fixa apresentaram rentabilidade, em média, de 0,67% e 0,87% em maio, segundo cálculo da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), com dados atualizados até o dia 26. Já a poupança permitiu retorno de 0,54%.
Essas aplicações mais conservadoras são muito influenciadas pela evolução da taxa básica de juros, a Selic, hoje em 10,25% ao ano. Boa parte dos economistas do setor financeiro acredita que o juro primário do país deve encerrar 2009 na casa dos 9% e esperam uma nova redução já neste mês.
As aplicações mais agressivas -- ouro e dólar -- fizeram os investidores amargarem perdas neste mês: o preço da moeda americana teve desvalorização de 9,67%, enquanto a cotação da commodity metálica sofreu queda de 0,56% (pela referência do contrato negociado na BM&F).
Se o cenário mundial continuar reforçando o bom humor dos investidores, analistas acreditam que a cotação do dólar pode ceder ainda mais, embora intervenções do Banco Central possam refrear esse processo. No caso contrário, dólar e ouro são alguns dos ativos que investidores mais cautelosos tradicionalmente costumam se refugiar.
A inflação do período foi de 0,59%, se medida pelo IPCA-15. A leitura da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontou uma deflação em maio, considerando o IGP-M.
O primeiro índice de preços é calculado a partir de uma cesta de consumo de famílias com renda mensal de até 40 salários mínimos, enquanto o segundo embute preços no atacado, varejo e da construção civil.
Rentabilidade anual
Em cinco meses, a Bolsa de Valores disparou 41,67%, confirmando o bom momento do mercado acionário. Trata-se da variação mais alta para o período desde 1999, quando a alta foi de 63,5%.
De longe, foi o investimento mais rentável desse período, superando a poupança (3%) e os fundos de investimentos do tipo DI (4,52%) e Renda Fixa (4,71%).
E mesmo num período mais longo, dólar e ouro ainda apresentaram perdas: o primeiro teve desvalorização de 15,59%, enquanto a cotação do segundo cedeu 3,05%.
A FGV calculou uma deflação de 1,14% para o período de janeiro a maio.