Rota onde desapareceu avião da Air France nunca registrou acidentes 01/06/2009
- Clayron Freitas - Folha Online
A rota onde o Airbus da Air France desapareceu na noite deste domingo não registrou acidentes aéreos com passageiros desde que ela foi criada, no final dos anos 1940, segundo revela o piloto amador e escritor carioca Ivan Sant'Anna. O registro que ele possui é que essa rota foi criada em 1947.
Sant'Anna é autor de duas obras que abordam alguns dos principais acidentes aéreos ocorridos no Brasil -- registrados na obra "Caixa-preta"-- e também se debruçou nos detalhes dos quatro aviões que foram sequestrados por terroristas nos EUA em 11 de setembro de 2001, detalhados em "Plano de Ataque".
Sant'Anna disse que o único registro de um acidente próximo dessa rota foi em 1979 quando um avião cargueiro da Varig, que fazia a rota Tóquio-Los Angeles, caiu no Pacífico com uma seleção de 63 óleos do artista plástico Manabu Mabe, que haviam sido expostas no Japão.
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Hipóteses
Fascinado por aviões no decorrer de 50 anos após tirar o seu registro de piloto privado (brevê), Sant'Anna diz ser improvável que um pouso não-programado ou forçado tenha ocorrido com o voo AF 447.
Com base no que já leu e pesquisou, ele é taxativo e afirma acreditar em três hipóteses: pane estrutural -- uma asa ou outra parte do aparelho -- incêndio ou explosão.
"Existem teorias conspiratórias. Em um eventual pouso, ele teria sifo feito à noite, no escuro, mal tempo e num mar muito provavelmente nada calmo", afirmou.
Segundo ele, mesmo que o pouso tivesse ocorrido, os botes possuem dispotivos que emitiriam sinais de satélite sobre sua localização.
Sant"Anna informa que um raio ter atingido o aparelho é uma possibilidade remota, porém não impossível. "Não conheço nesses anos todos um avião ter caído devido a simplesmente um raio. Geralmente isso está associado a outra coisa", afirmou.
Segundo ele, se de fato o Airbus emitiu mensagem de problema de pressurização e falha elétrica, isso pode ter sido determinante
para a queda do aparelho da Air France.
Desaparecimento
O voo AF 447 decolou por volta das 19h de domingo do aeroporto do Galeão (Tom Jobim), no Rio, e deveria pousar no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, por volta das 11h local (6h de Brasília). Em nota, a empresa afirma que a aeronave "cruzou uma zona com forte turbulência" por volta das 23h (horário de Brasília) e enviou alerta automático sobre problemas no circuito elétrico às 23h14.
Em nota, a Air France afirma não ter notícias do voo AF 447, que transportava 216 passageiros e 12 tripulantes.
Rádio
A Aeronáutica informou ainda que o último contato via rádio com o Cindacta 3 (Centro Integrado de Defesa Aérea e de Controle de Tráfego Aéreo) ocorreu às 22h33. Neste momento ele estava a cerca de 560 km de Natal (RN).
A informação prestada pela tripulação era a de que o aparelho iria ingressar no espaço aéreo Dakar - Senegal, numa distância que chegaria a cerca de 1.230 km de Natal às 23h20.
Ao sair do Cindacta 3, às 22h48, o Aiurbus voava a 35 mil pés (cerca de 11 km) numa velocidade de 840 km/h, ainda segundo a FAB. Mesmo tendo se desvinculado do Cindacta 3 ela deveria informar via rádio, por volta das 23h20, que estava sendo monitorada pelo controle aéreo Dakar - Senegal, o que não ocorreu.
A informação dos problemas enfrentados foi prestada pela tripulação ao controle aéreo de Dakar - Senegal e à própria empresa, segundo a Aeronáutica.
Tripulação e aparelho
O piloto do Airbus A300-200 da Air France que desapareceu nesta segunda-feira com 228 pessoas a bordo possuía 11 mil horas de voo, segundo a empresa.
A empresa informou ainda que dos 12 integrantes da tripulação, três eram técnicos e outros nove eram comissários.
O aparelho começou a operar em 18 de abril de 2005 e tem um total de 18.870 horas de voo. Sua matrícula é a F-GZCP e os motores que equipam o A330-200 são General Electric CF6-80E.
A empresa informou ainda que a última visita de manuteção em hangar ocorreu em 16 de abril deste ano.
Busca
As buscas ao aparelho
contam com dois aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e três embarcações da Marinha brasileira. As buscas estão concentradas em um local 290 milhas (466,7 km) a nordeste de Natal (RN).
A FAB foi acionada por volta das 2h30 pelo Salvaero (Serviço de Salvamento Aéreo) de Recife e enviou dois aviões para as buscas: um C-130 Hércules e um P-95 Bandeirante de patrulha marítima. O Parasar (Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento) também foi acionado.