Marinha resgata mais 4 corpos de ocupantes do voo 447; total soma 28 09/06/2009
- Folha Online com France Presse
Os comandos da Marinha e da Aeronáutica informaram na manhã desta terça-feira que mais quatro corpos de ocupantes do voo 447 da Air France, que caiu no último dia 31, foram resgatados do Atlântico pela fragata Bosísio. Com isso, sobe para 28 o número de corpos retirados do oceano desde o último sábado.
Às 6h15 de hoje, a fragata Constituição -- também da Marinha brasileira -- chegou a um ponto distante 55 km a nordeste do arquipélago de Fernando de Noronha (PE) com os primeiros 16 corpos resgatados. Eles foram levados em helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira) até o arquipélago, onde peritos farão uma análise inicial das vítimas.
O primeiro aparelho, o Black Hawk, pousou às 9h45 com oito corpos. Por volta das 12h, foi a vez do Super Puma com outros oito corpos.
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Segundo a Marinha e a Aeronáutica, uma área de instabilidade que atinge a região de Fernando de Noronha atrasou o transporte de corpos do oceano. Os voos que partem da ilha também podem ser prejudicados, afirma a Aeronáutica. A instabilidade, entretanto, não interfere no trabalho de buscas.
Por enquanto, os 12 corpos que estão na fragata Bosísio não devem ser transportados para Fernando de Noronha. Isso só será feito quando a câmara frigorífica estiver com sua capacidade limite.
O mesmo acontecerá com a fragata Constituição, que já está retornando à área onde os corpos foram localizados.
Para que os helicópteros possam resgatar os corpos é necessário que cada embarcação esteja a 55 km do arquipélago. O helicóptero, então, fica parado no ar --ele não pousa na fragata-- e cada corpo é içado por uma corda e levado para dentro do aparelho. Cada içamento leva em média dez minutos cada para ser concluído.
Os corpos passam por perícia inicial em Fernando de Noronha. Ao final dos trabalhos da PF (Polícia Federal), eles serão transportados para identificação no IML (Instituto Médico Legal) de Recife em uma aeronave C-130, também da FAB, numa viagem de cerca de uma hora.
Vítimas
A Interpol (polícia internacional) vai ajudar a coordenar a identificação dos corpos das vítimas do voo 447, anunciou nesta terça-feira a organização policial em um comunicado recebido em Paris. "Como as vítimas desta tragédia são originárias de diversas partes do mundo, a colaboração internacional será essencial para garantir que sua recuperação e sua identificação sejam feitas de forma confiável, digna e rápida", afirmou o secretário geral da Interpol, Ronald Noble.
Reportagem publicada nesta terça pela Folha mostra que enquanto as buscas não forem oficialmente encerradas, situação jurídica dos parentes dos passageiros permanece complicada. Isso porque, na legislação brasileira, a regra é que não há morte sem corpo.
A exceção é quando a Justiça declara a morte presumida de uma pessoa. Ela ocorre, segundo o Código Civil de 2002, "se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida". É o caso dos passageiros do voo 447, mas a declaração pode ser requerida somente "depois de esgotadas as buscas e averiguações".
Acidente
O Airbus da Air France decolou por volta das 19h do dia 31 do aeroporto Tom Jobim, no Rio, com destino a Paris, e fez o último contato com o controle aéreo brasileiro por volta das 22h30 do mesmo dia.
Não há hipóteses claras sobre o que pode ter derrubado a aeronave, mas já há certeza de que o avião sofreu despressurização e uma pane elétrica, porque a aeronave enviou alerta automático do tipo durante o voo. Sabe-se também que a aeronave enfrentou forte turbulência.
As primeiras suspeitas sobre o acidente recaem sobre os sensores de velocidade e a força do vento. Aparentemente, os sensores falharam nos minutos imediatamente anteriores ao acidente, segundo 24 alertas automáticos enviadas pelo avião.
Apesar de a Air France dizer que ainda é cedo para tirar qualquer conclusão sobre as causas do acidente, a empresa informou que havia recomendado no ano passado a troca destes sensores, cujas falhas podem acarretar no envio de informações contraditórias sobre a velocidade da aeronave.
A incoerência desses dados pode fazer com que sistemas eletrônicos dos aviões deixem de funcionar, como o piloto automático.