Bovespa fecha em alta de 0,48%; ações da Vale puxam recuperação 10/06/2009
- Folha Online
Na dúvida entre a cautela e a confiança, o investidor optou por ir às compras no pregão desta quarta-feira, com forte preferência pelas ações da mineradora Vale. O ânimo de última hora ajudou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) a descolar de Wall Street, que concluiu o dia em terreno negativo. O mercado brasileiro operou sob expectativa do anúncio da nova taxa básica de juros, prevista para as próximas horas. A taxa de câmbio alcançou R$ 1,95.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, subiu 0,48% no fechamento, alcançando os 53.410 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,87 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em baixa de 0,27%.
A ação preferencial da Vale teve ganho de 1,17%, movimentando R$ 941 milhões, ocupando a posição de papel mais negociado da Bolsa no pregão de hoje. A companhia anunciou hoje que chegou a um acordo em torno dos preços para a venda de minério às siderurgias asiáticas.
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"Esse padrão que a Bolsa tem seguido, de subir pela manhã, cair depois e fechar no meio a meio somente mostra um fato: indecisão pura. Há duas forças atuando no mercado. De um lado, há muitos que acreditam que a Bolsa já subiu demais e está cara. Por outro lado, há investidores que olham para a China, a valorização das commodities, e ainda acham que há espaço para ganhos", comenta Rodrigo Silveira, gerente de operações da corretora e.um, 'home broker' da corretora Umuarama. "A questão é que o fluxo global continua muito forte e tem que ir para algum lugar. E a preferência tem sido Brasil e China", acrescenta.
Como outros profissionais de mercado, Silveira salienta que é necessário uma sequência de dados mais consistente sobre a economia dos EUA para definir uma tendência para a Bolsa de Valores.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,951, o que representa um avanço de 0,72% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 259 pontos, número igual à pontuação anterior.
A véspera do feriado não foi tranquila para o mercado de ações. Investidores trocaram ações de olho nos indicadores mais importantes da semana, a destacar, o IPCA, no Brasil, e o "Livro Bege", nos EUA.
A inflação não surpreendeu: o IPCA desacelerou de 0,48% para 0,47% entre abril e maio, em linha com as expectativas do mercado financeiro. Esse é o índice de preços utilizado para balizar o regime de metas. O resultado de maio reforçou a opinião de muitos economistas, que veem uma inflação sob controle para os próximos meses.
O resultado não alterou o placar de "apostas" para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária): a maioria ainda projeta uma ajuste da chamada "Selic" de 10,25% ao ano para 9,50%.
As principais novidades vieram, portanto, do front externo: a montadora Fiat ajudou a desatar um dos "nós" do setor automobilístico americano, ao anunciar o acordo para compra da rival americana Chrysler. A operação é vista como uma garantia de sobrevivência para a Chrysler, que pediu concordata em abril.
O governo americano informou que o déficit comercial cresceu 2,2% em abril, chegando a US$ 29,16 bilhões, batendo as projeções de boa parte do mercado.
As Bolsas de Valores reagiram realmente após a divulgação do "Livro Bege", documento que serve de baliza para as decisões de política monetária na maior economia do planeta. O relatório preparado pelos diretores regionais do Fed (o banco central americano) também bateu com as expectativas de muitos analistas.
O teor do relatório foi até otimista, comparativamente às edições anteriores, e deu ânimo para alguns investidores voltarem ao mercado, reduzindo o ritmo de queda em Wall Street e contribuindo para que a Bolsa brasileira fechasse com sinal positivo.