Bovespa fecha em baixa de 2,85% e o dólar a R$ 1,95 15/06/2009
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) amargou fortes perdas na jornada desta segunda-feira, com o investidor mantendo o sentimento de cautela após as semanas de euforia no bimestre de abril e maio. E em um ambiente mais nervoso, a taxa de câmbio bateu R$ 1,95.
O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, sofreu queda de 2,85%, aos 52.033 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,86 bilhões. O volume de hoje é inflado pelo exercício de R$ 2,66 bilhões em contrato de opções sobre ações. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em baixa de 2,13%.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,953, em uma alta de 1,50%. A taxa de risco-país marca 273 pontos, número 2,63% acima da pontuação anterior.
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A Bolsa de Valores não saiu do terreno negativo durante toda a jornada de hoje, num dia de poucas notícias tanto no front doméstico quanto internacional. Nem o boletim Focus, que mostrou os economistas do setor financeiro menos pessimistas sobre a recessão brasileira, nem as projeções mais positivas do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre os EUA, melhoraram o ânimo dos investidores.
O desastre na economia europeia, que registrou a perda histórica de 1,220 milhão de empregos no primeiro trimestre deste ano somente entre os países que usam o euro azedou o humor dos agentes financeiros desde cedo.
Para analistas, a volatilidade vista na semana passada deve dar a tônica dos negócios nos próximos dias. Os preços de algumas ações, notadamente as "blue chips" Vale e Petrobras, subiram de forma rápida demais e existem dúvidas se há "fôlego" para uma nova onda de ganhos.
"Isto não significa reversão no sentimento de que a pior fase da crise ficou para trás, e que a tendência é de recuperação da atividade global, mas sim uma avaliação mais fria de que o cenário econômico ainda é difícil e a retomada deverá ser lenta", comenta Sílvio Campos Neto, economista-chefe do banco Schahin, em seu relatório semanal sobre o mercado. Para o especialista, o mercado acendeu o "sinal amarelo" para o curto prazo.
Focus e FMI
O boletim Focus, do Banco Central, revelou que a maioria dos economistas de bancos e corretoras já espera uma retração um pouco menor da economia brasileira: em vez de uma queda de 0,71%, o novo consenso aponta para uma contração de 0,55%. A expectativa veio após uma retração menor na economia no primeiro trimestre, resultado divulgado na semana passada pelo IBGE, e um corte na taxa Selic que surpreendeu o mercado pela ousadia.
Essa revisão de estimativas ganhou reforçou pouco mais tarde, quando a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou estimativa onde aponta para uma expansão de 3,8% da produção industrial paulista em maio.
Lá fora, o FMI melhorou suas projeções para a economia dos EUA: a contração deste ano deve ser de 2,5% e 2,8%, como na estimativa anterior. O organismo internacional também revisou para cima sua projeção para 2010: neste ano, a maior economia do planeta pode crescer 0,75%. Em sua avaliação anterior, o Fundo previa estagnação.
Entre outras notícias, o Ministério do Desenvolvimento informou que a balança comercial teve superávit de US$ 1,95 bilhão (média diária de US$ 216 milhões) em junho, até a segunda semana do mês. Na comparação o mesmo período de maio, as exportações apresentam alta de 12%, enquanto as importações caíram 2,5%.