Bovespa fecha em alta de 4,96%, maior avanço desde maio 15/07/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve hoje sua maior valorização desde o dia 18 de maio. Pela manhã, investidores comemoraram os balanços de grandes empresas já divulgados. A expectativa pelo PIB chinês também ajudou a melhorar o humor do mercado. Em um ambiente de menor aversão ao risco, a taxa de câmbio doméstica cedeu para R$ 1,93.
Analistas se mostraram um pouco céticos sobre o desempenho da Bolsa. E temem que uma possível rodada de resultados corporativos pode derrubar o mercado ou, pelo menos, gerar momentos de turbulência.
O termômetro da Bolsa, o índice Ibovespa, teve forte ganho de 4,96%, aos 51.296 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,45 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 3,07%.
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O dólar comercial foi vendido por R$ 1,935, o que significa um decréscimo de 1,72% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 261 pontos, número 6,45% abaixo da pontuação anterior.
"O que realmente motivou a alta de hoje [da Bovespa] foram os balanços de algumas grandes empresas que já foram divulgados e foram melhores do que esperado. Isso levou alguns a falarem até em melhores expectativas para a economia americana. E a ata do Fed [o banco central americano] ajudou a evitar uma possível realização de lucros no período da tarde", avalia Octavio Vaz, gestor de renda fixa da Global Equity.
O Federal Reserve divulgou hoje a ata relativa a sua reunião dos dias 23 e 24 de junho, o que afetou os negócios do mercado principalmente nas últimas horas de pregão das Bolsas de Valores
"A ata mostrou que o Fed está começando a tirar dos seus cenários para a economia americana a possibilidade de uma deflação, o que era o grande medo de muita gente no mercado. Isso não quer dizer que tenha sido uma ata 'boa' ou 'otimista'. Para o Fed, a economia americana ainda está muito vulnerável, o desemprego ainda é uma preocupação muito grande, e os bancos ainda podem registrar mais perdas", comenta Vaz.
As ações das empresas de mineração e siderurgia puxaram a recuperação de hoje, com destaque para os papéis da Vale, que movimentaram mais de R$ 1 bilhão. Somente a ação preferencial da gigante do minério de ferro disparou 8,33%.
"O mercado estava esperando que o reajuste acertado com as empresas chinesas fosse um desconto de 40% a 45%. Mas a Rio Tinto e a BHP Billiton chegaram a um acordo que reduz somente 33% do preço do minério de ferro, ou seja, foi até melhor do que o esperado", avalia Fábio Prandini, da mesa de operações da corretora Elite.
EUA
Em sua ata, o Fed melhorou suas projeções para a economia americana. A expectativa do banco é uma contração de 1% a 1,5% neste ano --previsão melhor que a feita em maio, quando a expectativa do banco era de contração entre 1,3% e 2%. Por outro lado, o banco central americano alertou que já espera uma taxa de desemprego de 10,1% neste ano. A última vez que os EUA tiveram uma taxa tão alta foi em 1983.
O Departamento do Trabalho dos EUA revelou que a inflação ao consumidor teve variação de 0,7% em junho, acima da maioria das projeções do mercado (0,6%). O núcleo do indicador --que exclui os preços de alimentos e energia- registrou alta de 0,2%, contra uma alta de 0,1% em maio.
O Federal Reserve (banco central americano) informou que a produção industrial do país teve queda de 0,4% em junho, menor que a de 1,2% registrada em maio. Economistas do setor financeiro esperavam retração de 0,6% no mês. No segundo trimestre como um todo, por sua vez, a produção teve queda de 11,2%, menor que a de 19,2% no primeiro trimestre.
Na Europa, o órgão Eurostat registrou a primeira deflação para os países da zona do euro de 0,1% em junho. E as vendas de carros novos cresceram no continente pela primeira vez em 14 meses.
O Banco Central brasileiro informou que o fluxo de dólares entre o Brasil e o exterior ficou positivo em US$ 436 milhões nos dez primeiros dias de julho. No acumulado do ano, o fluxo cambial está positivo em US$ 3,101 bilhões.
Não há resultados corporativos de destaque previstos para hoje. Ontem, o mercado comemorou os números divulgados por Goldman Sachs, Johnson e Johnson e as boas expectativas da Intel para o terceiro trimestre.