Presidente de Taiwan alerta que mortos por tufão podem passar de 500 14/08/2009
- Folha Online com agências internacionais
O presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou, alertou nesta sexta-feira que o número de mortos pela passagem do tufão Morakot, que devastou o leste da Ásia nesta semana, pode chegar a 500 já que mais de 300 habitantes estão soterrados em uma aldeia e milhares continuam incomunicáveis diante das fortes chuvas e deslizamentos de terra que destruíram pontes e estradas.
"Com um balanço confirmado de 117 mortos e 380 pessoas que provavelmente morreram nos deslizamentos de terra em Shiao Lin, o balanço do tufão em Taiwan pode superar 500 mortos", afirmou o presidente durante uma reunião nacional sobre segurança.
As equipes de resgate tentam nesta sexta-feira determinar se a lama é estável o suficiente para o uso das escavadeiras em uma busca que dificilmente levará à sobreviventes.
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Desde que o tufão, que se transformou em tempestade tropical enquanto avançava pela China, passou pela ilha no fim de semana, mais de 31 mil pessoas foram resgatadas de todas as formas em vilas inundas por água e lama.
Em áreas remotas montanhosas como o Condado de Kaohsiung, onde Shiao Lin está localizado, os esforços de resgate foram impedidos pelas chuvas torrenciais, névoa densa, rios em cheia e deslizamentos de terra. Em alguns locais no centro e sul da ilha, com as pontes destruídas e as estradas alagadas, é praticamente impossível chegar com a equipe de resgate, informou a Comissão de Prevenção e Proteção a Desastres Naturais.
"No total, Siaolin tem 1.313 moradores e na zona mais atingida vivem 650 pessoas, das quais 607 estão desaparecidas", informou o prefeito do distrito de Kaohsiung, Yang Chiu-hsing.
"Junto à Escola Primária Guang de Siaolin, uma zona totalmente coberta pelo barro, vivem 200 pessoas, mas como era Dia dos Pais, calcula-se que as vítimas soterradas passem de 300", continuou o prefeito.
Em Siaolin, apenas dois de seus 396 edifícios não desmoronaram e os moradores já perderam as esperanças de encontrar vivos os soterrados após o deslizamento em uma montanha vizinha.
O Centro Nacional de Emergências (CNE) não sabe o paradeiro de 68 estudantes.
Destruição
Nas aldeias de Taoyuan e Namahsia, também do distrito de Kaohsiung, há cerca de 1.500 pessoas incomunicáveis, ainda a espera de serem resgatadas.
Dois lagos, criados pela obstrução do rio Laonong a partir dos deslizamentos de terra, transbordaram junto à aldeia de Taoyuan sem deixar vítimas, pois os moradores foram alertados a tempo de fugir.
Um armazém com oito toneladas de explosivos foi varrido pelas águas dos lagos, o que agrava o perigo para as equipes de salvamento que buscam corpos nos riachos.
Os isolados em Likuei, na comarca de Sinfa, seguem à espera de ajuda, após informarem por um cartaz que tinham encontrado 39 mortos.
Com a ruptura de uma ponte, as equipes de resgate ainda não conseguiram atravessar as violentas e agora elevadas águas do rio.
No distrito de Chiayi, no sul da ilha, cerca 10.200 pessoas estão incomunicáveis em várias aldeias, assim como na montanha Ali e no município de Taitung (sudeste), onde há outros 16 mil isolados, segundo os governos locais.
As equipes de resgate retiraram 2.200 pessoas na quinta-feira, segundo relatórios militares, e continuam seu trabalho contra o relógio para evitar um maior número de vítimas e auxiliar as regiões mais atingidas.
Ainda restam 73 estradas bloqueadas na ilha, como informou o Ministério do Transporte, e 1.282 escolas foram danificadas, segundo o departamento de Educação.
As primeiras cifras apresentadas pelo Conselho de Agricultura apontam que os prejuízos agrícolas passam de US$ 350 milhões.
O Morakot causou em Taiwan as maiores inundações e deslizamentos de terra dos últimos 50 anos, com pelo menos 117 mortos e 59 desaparecidos confirmados, segundo números do CNE.