Morre ex-presidente sul-coreano e Nobel da Paz Kim Dae-jung 18/08/2009
- Agências internacionais
O ex-presidente da Coreia do Sul Kim Dae-jung, de 83 anos, prêmio Nobel da Paz de 2000, morreu nesta terça-feira, 18, em consequência de complicações de uma pneumonia, segundo fontes médicas sul-coreanas.
Segundo a BBC, Kim foi declarado morto por volta das 13h40 (1h40 de Brasília), segundo anunciou um porta-voz do hospital em Seul onde ele estava internado. "Seu coração começou a falhar à 1h35 e parou minutos depois, apesar de nossos esforços para reanimá-lo", disse o porta-voz. Kim passou grande parte de sua vida trabalhando por uma reunificação de seu país com a Coreia do Norte. Ele recebeu o prêmio Nobel da Paz de 2000 por sua política de aproximação com o regime norte-coreano durante sua Presidência.
Sua política levou a uma distensão das relações entre as duas Coreias, com o estabelecimento de acordos comerciais e a permissão para o reencontro de famílias separadas entre o sul e o norte. O ponto alto dessa política foi a cúpula entre Kim Dae-jung e o líder norte-coreano, Kim Jong-il, em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, em 2000. Foi o primeiro político da Coreia do Sul a se reunir com o ditador norte-coreano, durante a histórica cúpula de 2000 em Pyongyang, que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz nesse mesmo ano.
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Durante o período de ditadura militar na Coreia do Sul, entre os anos 1960 e os anos 1980, Kim Dae-jung foi classificado como um "radical perigoso". Ele sobreviveu a várias tentativas de assassinato, foi condenado à morte e torturado na prisão. Ele foi exilado duas vezes e colocado sob prisão domiciliar várias vezes.
Kim fez história ao ser eleito presidente em dezembro de 1997 após quatro candidaturas, na primeira transição pacífica de poder para um partido de oposição desde a fundação do país, em 1948. Ele governou o país até 2003. O líder tirou o país da crise financeira e apostou na aproximação intercoreana com uma política de reconciliação ambiciosa que nunca antes tinha sido tentada.
Em 2007, a agência de espionagem da Coreia do Sul, o Serviço Nacional de Inteligência, admitiu ter sequestrado Kim Dae-jung em 1973 com o apoio tácito do então presidente Park Chung-hee. Os documentos da época indicam que o sequestro foi inicialmente planejado como uma tentativa de assassinato.
Em uma entrevista em 2006, Kim Dae-jung disse não se arrepender de nada sobre a natureza turbulenta de sua carreira. "Eu passei por muitas experiências difíceis em minha vida, mas nunca me afastei dos meus princípios e nunca abri mão da Justiça, mesmo sob riscos para a minha vida", disse.
No entanto, Kim Dae-jung não ficou de fora da polêmica que costuma cercar todos os presidentes sul-coreanos e se viu envolvido em escândalos de corrupção familiar e na revelação em 2003 de que a reunião de Pyongyang foi, em parte, graças a um pagamento de US$ 500 milhões ao regime comunista.
Sua morte, embora não tão inesperada como a de seu sucessor na Presidência, Roh Moo-hyun, que se suicidou em maio passado, foi muito sentida pelo povo coreano que o respeitava, apesar de ter se posicionado claramente contra o atual chefe de Estado, o conservador Lee Myung-bak. "Perdemos um grande líder. O povo lembrará dele por seu compromisso com a democracia e a reconciliação nacional", disse Lee hoje após saber da morte do ex-presidente.