ANJ completa 30 anos de luta contra censura 18/08/2009
- Folha de S.Paulo
A ANJ (Associação Nacional de Jornais) completa nesta semana 30 anos de existência. A entidade representa as principais publicações diárias do país e foi criada numa sala do jornal "O Dia", no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1979.
O Brasil ainda vivia o final da ditadura militar, que só terminou em 1985. Os proprietários de jornais consideraram ser necessária uma associação para defender a liberdade de imprensa, trocar informações sobre as melhores práticas no setor e trabalhar para aprimorar a indústria jornalística.
Hoje, mais de 140 jornais de todas as unidades da Federação são associados da ANJ. Juntos, são responsáveis por cerca de 90% da circulação diária média no país. "Hoje, vivemos numa democracia. Mas a missão da ANJ continua a mesma, porque para a liberdade de expressão não existe um "fim da história". Trata-se de um processo contínuo. A sociedade precisa estar sempre alerta e disposta a defender seu direito à informação", diz Judith Brito, presidente da ANJ e diretora-superintendente do Grupo Folha.
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"O saudoso publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira [1912-2007], resumiu a ideia numa frase forte, dita em 2003: "O que interessa ao governo é a mídia de joelhos. Não uma mídia morta. Uma mídia independente não interessa a governo nenhum", lembra Judith.
Para celebrar seus 30 anos de existência, a ANJ realiza hoje, em Brasília, um painel sobre liberdade de expressão e o futuro do jornalismo. Uma campanha em jornais, revistas, TV e rádio também será veiculada, chamando a atenção da sociedade para a importância dos jornais na construção da liberdade de imprensa e da cidadania.
O painel "Liberdade de Expressão e o Futuro do Jornalismo: o que dizem os jornalistas" começa às 14h30 no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21. O convidado principal é o jornalista grego-britânico Iason Athanasiadis, que ficou preso 20 dias no Irã por causa de sua cobertura sobre as manifestações contra o resultado da eleição que reconduziu Mahmoud Ahmadinejad ao poder.
O painel contará ainda com Merval Pereira (colunista de "O Globo"), Marcelo Rech (diretor-geral de Produto do Grupo RBS), Daniel Piza (editor-executivo e colunista de "O Estado de S. Paulo"), Carlos Eduardo Lins da Silva (ombudsman da Folha) e Alon Feuerwerker (colunista do "Correio Braziliense"). O mediador será Fernando Rodrigues, repórter da Folha e diretor do Comitê Editorial da ANJ.
Também faz parte das comemorações o lançamento do livro "A Força dos Jornais", de autoria de Judith Brito e do jornalista Ricardo Pedreira, diretor-executivo da ANJ. A obra relata as origens da entidade, descrevendo a trajetória dos jornais nos últimos 30 anos.
À noite, no Brasília Palace Hotel, haverá um jantar e entrega do Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa ao deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), autor da ação no Supremo Tribunal Federal que resultou no fim da Lei de Imprensa herdada do regime militar.