Horta em miniatura, com visual e sabor 19/08/2009
- Fernanda Yoneya - O Estado de S.Paulo
Pela perfeição das versões em miniatura dos legumes e hortaliças cultivados na Fazenda Ituaú, em Salto (SP), pode-se ter ideia do trabalho que o produtor Cyro Abumussi tem para produzi-los. "O consumidor é e sempre foi muito exigente, em termos de padronização e qualidade", diz ele, há 15 anos no ramo. Para garantir um produto impecável, Abumussi conta com 32 funcionários, que colhem, separam, higienizam, lustram e embalam. "Ao mínimo sinal de defeito, o legume é separado e doado."
Na Ituaú, em 30 mil metros quadrados de estufas, são produzidos 40 itens na versão mini. Há oito cores para pimentões e seis tipos de tomates, cenoura, rabanete, abóbora, beterraba, pepino, milho, chuchu, berinjela, melão e melancia. Por ano, Abumussi produz 80 toneladas. "O mercado cresce 20% ao ano, mas o importante é crescer de forma organizada, com a profissionalização dos produtores."
CICLO SEMELHANTE
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O ciclo de produção e o manejo dos mínis são semelhantes aos do cultivo convencional. O que os diferencia é o custo de produção, cerca de 20% maior dos mínis, e a menor rentabilidade por área. O item mais caro é a semente, normalmente importada. Essas sementes, híbridas e geneticamente melhoradas, conferem mais sabor, tamanho ideal e cores diferenciadas. "Além disso, o mesmo metro quadrado que poduz 10 quilos de cenoura produz 1 quilo de minicenoura. Temos que compensar na revenda, por isso alguns produtos custam dez vezes mais."
Em Campo Limpo Paulista (SP), na Ervas Finas Horticultura, que produz, há 11 anos, abobrinha, berinjela, alho-poró, beterraba, cenoura, rabanete, milho e vagem mínis, em 35 plataformas de 2 mil metros quadrados cada, o diferencial é a não utilização de produtos químicos. "Fazemos análise de solo para dar à planta só o que ela necessita. Com a planta forte, há menos pragas", diz um dos proprietários, Dirk Müller. "Usamos controle biológico de lagartas com vespas."
Como a semente é o insumo mais valioso, Müller testa e compara aspectos como textura, cor, sabor e tamanho. "Isso evita perdas, pois o cliente quer o produto 100% perfeito. As vagens devem ser retas e as cenouras ter o mesmo tamanho."
Com um valor 60% maior em relação à hortaliça convencional, o minirrepolho é a aposta do horticultor Luís Yano, de Mogi das Cruzes (SP), que planta 2 mil pés da hortaliça. "Apesar de ser mais caro, já que a semente vem do Japão, o minirrepolho evita o desperdício, porque é comum a dona de casa comprar um repolho grande e jogar metade fora."
Mais precoce que o repolho normal - colhido em 100, 110 dias -, o minirrepolho é colhido em 60 dias. Pesa 800 gramas e é mais macio. "É ideal para saladas", diz o produtor, que abastece feirantes, restaurantes, empórios e mercados de São Paulo. "Agora estou testando uma minialface, de 15 centímetros. A vantagem é que ela tem o ciclo curto e não dá tempo para aparecer praga."
DECORAÇÃO DE PRATOS E CONSERVAS
Hoje, o consumidor já encontra em supermercados e empórios de gastronomia inúmeros itens na versão mini, sempre com apresentação impecável. "O consumo começou a crescer há cinco anos", diz o diretor comercial de Frutas, Legumes e Verduras (FLV) do Pão de Açúcar, Leonardo Miyao. "Há o apelo gourmet e os mínis são saborosos."
Na Casa Santa Luzia, o gerente da Área de Perecíveis, Geraldo Lima, calcula que os mínis representam 10% das vendas de FLV. "Embora custem até 40% mais que uma hortaliça comum, os mínis têm boa aceitação, tanto que a variedade de produtos tem aumentado", diz Lima.
Para o comprador de FLV do Empório Santa Maria, Bruno Zerbinatti, os mínis agradam a três tipos de consumidor. "Os que compram para decorar um prato, os que usam o apelo visual para estimular o consumo por crianças e os que usam os mínis no preparo de conservas."