Bovespa fecha semana com estabilidade; Vale segura perdas 28/08/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) chegou a esboçar uma reação nos minutos finais da sessão desta sexta-feira, mas encerrou o expediente em terreno negativo. Prevaleceu a opção dos investidores pela via da realização de lucros (vendas), após a Bolsa ter retomado os patamares de julho do ano passado. Em um mercado mais nervoso, a taxa de câmbio cravou R$ 1,88, atingindo sua cotação mais alta em um mês.
Na semana, a Bolsa acumula perdas de 0,05%, enquanto o dólar subiu 2,78%. No mês, a Bovespa tem valorização de 5,36% e o dólar, de 0,91%.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa, registrou leve baixa de 0,01% no fechamento, aos 57.700 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,73 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 0,38%.
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Com giro de R$ 700,6 milhões, a ação preferencial da Petrobras caiu 0,94% no dia. O que conteve perdas ainda maiores da Bolsa brasileira foi a ação preferencial da Vale, segundo papel mais movimentado do mercado brasileiro, com negócios de R$ 431,4 milhões.
A ação da mineradora valorizou 0,74% nesta sexta-feira. Analistas já ressaltavam que o preço do papel estava "atrasado" em relação as outras ações de primeira linha. Também pesou na valorização do papel a perspectiva de alta nas cotações das commodities metálicas.
"Nós estimamos agora que os preços do aço deve subir cerca de 25% em 2010 e 10% em 2011 (...). Também avaliamos que um preço do níquel de US$ 20,750 por tonelada em 2010 (73% acima da nossa projeção anterior)", afirmou Felipe Reis, analista do banco Santander, em relatório sobre a mineradora, onde estima um preço-alvo de R$ 50 para a ação (a cotação de hoje foi de R$ 33,40).
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,882, em alta de 0,91%, acumulando cinco dias de alta. A taxa de risco-país marca 266 pontos, número 0,37% acima da pontuação anterior.
"A alta do dólar foi mais em função da BM&F [mercado futuro] do que propriamente o mercado de dólar pronto [negócios à vista]. Os "comprados' [que ganham com o dólar mais caro] tiveram vantagem. O dólar chegou a cair demais: quando nós vimos a taxa chegando perto de R$ 1,7, já dava para saber que não ia sustentar esse preço, em virtude das condições atuais da economia global", comenta o operador da corretora Dascam, Luiz Fernando Moreira.
EUA e Brasil
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA revelou que o nível de gastos do consumidor local aumentou 0,2% em julho, uma variação acima das expectativas dos analistas. O nível de renda ficou estável, enquanto o mercado projetava variação de 0,2%.
Ainda nos EUA, pesquisa da Universidade de Michigan apontou uma piora na confiança dos consumidores na economia: o índice apurado pela universidade mostrou uma leitura de 65,7 pontos em agosto, frente a 66 em julho. Trata-se do menor índice desde os 65,1 pontos visto em abril. O resultado, no entanto, ainda foi superior às expectativas dos economistas, que projetavam 64,5 pontos (consenso do mercado).
No front doméstico, a FGV (Fundação Getulio Vargas) informou que o IGP-M teve a sexta deflação consecutiva, com variação negativa de 0,36% em agosto. Economistas do setor financeiro previam queda de 0,4%. No ano, o indicador acumula queda de 2,02% e, nos últimos 12 meses, a queda acumulada é de 0,71%.
E na Europa, o ONS (Escritório Nacional de Estatísticas) informou uma notícia mais positiva sobre a economia europeia: a contração do PIB (Produto Interno Bruto) do Reino Unido no segundo trimestre foi revisada para baixo: em vez de 0,8%, a retração estimada é de 0,7%.