Filha de brasileira presa na Itália morreu afogada, diz laudo 08/09/2009
- Gina Marques - Folha de S.Paulo
A autópsia de Giuliana Favaro, 2, estabeleceu que a menina morreu na quarta-feira à noite por afogamento no rio Monticano, na cidade de Oderzo (nordeste da Itália), segundo publicou ontem à noite o site do jornal italiano "Il Gazzettino".
O resultado da necropsia pode complicar a situação da mãe, a brasileira Simone Moreira, 22, detida desde sábado (5) na prisão de Belluno, suspeita de haver matado intencionalmente a filha. Simone divide a cela com outras três mulheres, está sob efeito de sedativos e continua a afirmar que é inocente. O interrogatório dela, marcado para ontem (7), foi adiado para amanhã.
Segundo Antonio Fojadelli, procurador da República em Treviso, cujo tribunal é responsável pelo caso, Simone declarou à polícia que a filha pode ter caído de um vão nas grades de proteção que cercam a área do rio. Para o procurador, o vão é muito pequeno, e é difícil que Giuliana tenha chegado sozinha ao rio ou escorregado.
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Alvise Tommaseo Ponzetta, um dos advogados de Simone, contestou a hipótese do procurador. "Simone Moreira declarou que a filha desapareceu e nunca disse que a filha caiu daquele vão. Além disso, fui ver pessoalmente o lugar e constatei que há outro ponto, atrás da praça Rizzo, com três degraus, onde a menina poderia ter chegado ao rio", disse ele à Folha.
Ainda será preciso esperar 30 dias para obter os resultados dos exames histológicos e toxicológicos para verificar se Giuliana ingeriu alguma droga ou remédio antes de morrer.
O advogado Ponzetta tratou também da causa da guarda de Giuliana há cerca de um ano, quando a brasileira se separou de Michele Favaro, pai da criança. "Eles não eram casados, e a decisão de que o pai ficaria com a guarda da menina foi consensual", disse Ponzetta.
Simone conheceu Michele no Rio, quando ela tinha 19 anos, e ele, 40. Após três meses, eles foram viver juntos em Vigonovo, na Província de Treviso, onde Michele é gerente do restaurante O Sabor do Brasil.
A brasileira trabalha num bar e tem mais um filho de cinco anos, fruto de um relacionamento anterior. O menino vivia com ela e agora passa férias no Rio com os parentes.
Ela tinha passagem aérea marcada para o dia 23 de outubro para o Brasil. Segundo o advogado Ponzetta, Simone usaria essa passagem para pegar o filho e levá-lo de volta à Itália. "Se a minha cliente tivesse a intenção premeditada de fugir, ela não esperaria o mês de outubro", afirmou ele.
O procurador Antonio Fojadelli afirmou que a passagem aérea foi um dos motivos que levaram à decisão de prender a brasileira, para evitar que ela fugisse da Justiça italiana. Segundo ele, há indícios suficientes para suspeitar que Simone tenha matado a filha.