Preço dos alimentos cai, mas comer fora está cada vez mais caro 10/09/2009
- Cirilo Junior - Folha Online
Apesar da recente queda nos preços dos alimentos (duas deflações consecutivas, em julho e agosto), comer fora de casa continua ficando cada vez mais caro, segundo dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A chamada refeição fora de casa acumula alta de 5,12% de janeiro a agosto. Ao mesmo tempo, o custo com alimentos em casa subiu apenas 1,28% em igual período. Os alimentos, em geral, tem alta de 2,56% no ano, a menor desde 2006.
A coordenadora dos índices de preços do IBGE, Eulina dos Santos, explicou que a variação do custo dos alimentos geralmente demora a chegar nos preços da alimentação oferecida por restaurantes e lanchonetes. Assim, pode estar ocorrendo ainda algum efeito retardado da alta dos alimentos observada em boa parte do ano passado. Soma-se a isso o fato de que o custo da refeição fora de casa carrega outros elementos.
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"Além do repasse ser mais lento, há outros custos, afinal de contas, trata-se de um serviço. Houve aumento do salário mínimo, que impacta os preços das refeições e lanches comprados na rua", afirmou.
Comer fora de casa está mais caro principalmente na região metropolitana de São Paulo, cuja alta acumulada no ano chega a 7,20%, bem acima da variação de Belém (5,05%), que vem logo a seguir, entre as 11 regiões metropolitanas avaliadas. De modo geral, os alimentos subiram com mais intensidade em São Paulo, com elevação de 4,38% nos oito primeiros meses de 2009.
Os moradores da região metropolitana de Salvador vêm sentindo menor impacto nos gastos dos alimentos fora de casa, que ficaram 1,84% mais caros, de janeiro a agosto, na região mais populosa da Bahia. Ao todo, os gastos com alimentação subiram 1,84% em Salvador.
Na análise isolada de cada item no resultado do IPCA ao longo deste ano, verifica-se que os alimentos têm menos destaque entre as altas mais impactantes. Entre as dez maiores influências, apenas duas são de produtos alimentícios.
O principal impacto na alta de 2,97% observada de janeiro a agosto no IPCA vem dos cursos de educação, que subiram 5,94%, com contribuição de 0,29 p.p. (ponto percentual). A segunda maior influência vem do leite pasteurizado, que tem alta de 25,21% no ano, o que significa uma contribuição de 0,25 p.p. na taxa global.
Entre as quedas observadas, a variação negativa de 11,64% no custo de automóveis usados significou um contribuição de -- 0,17 p.p. no total do índice. O preço dos carros novos caiu 5,77% este ano, o que resultou em um impacto de -0,16 p.p. O preço das carnes tem queda acumulada de 6,46%, contribuição de 0,15 p.p. sobre o IPCA acumulado de janeiro a agosto.
"A questão da carne está ligada à crise, já que o menor apetite do mercado externo reduziu as exportações, aumentando a oferta no mercado interno", observou Eulina, destacando que a menor alta dos alimentos este ano não significa uma devolução das fortes altas notadas anteriormente, principalmente no primeiro semestre de 2008.
A alta mais amena da inflação já faz com que a taxa acumulada em 12 meses -- 4,36% -- fique abaixo da meta estipulada pelo BC (Banco Central), de 4,50% ao final deste ano. A taxa dos últimos 12 meses, em agosto, é a menor desde novembro de 2007, quando ficara em 4,19%.