DIA A DIA

Bovespa fecha em alta de 1,94% e já acumula ganho de 60,9% no ano
16/09/2009 - Epaminondas Neto - Folha Onine

Investidores retomaram com vontade às compras nesta quarta-feira, empurrando a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), pela primeira vez neste ano, para o patamar dos 60 mil pontos, perdido desde julho de 2008. Boas notícias da economia americana e doméstica, e a alta das commodities, com um giro de negócios acima da média, garantiram o terceiro pregão consecutivo de ganhos.

A taxa de câmbio seguiu a direção inversa e quase encerrou o dia abaixo de R$ 1,80, o que não ocorre desde setembro do ano passado.

Neste mês, a Bolsa já valorizou 6,94%. No ano, o ganho acumulado chega a 60,88%. A taxa cambial teve perda de 4,76% neste mês, enquanto ano a desvalorização acumulada é de 22,88%.


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O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 1,94% no fechamento, cravando os 60.410 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,01 bilhões, acima da média do mês (R$ 5 bilhões/dia).

O dólar comercial foi vendido por R$ 1,800, em um recuo de 0,38% sobre a cotação final de ontem. A taxa de risco-país marca 210 pontos, número 6,25% abaixo da pontuação anterior.

Por enquanto, o mercado brasileiro de ações tem contrariado o prognóstico de um "mês vermelho" para setembro, principalmente após a Bolsa ter valorizado mais de 50% nos sete meses precedentes.

"O mercado foi realmente surpreendente hoje. Lá fora, a Bolsa de Nova York ajudou, as commodities também subiram com força, como o níquel, o cobre e o petróleo. E o fluxo foi muito bom: muitos que passaram o mês vendendo trocaram de posição. Parece que a alta de hoje foi principalmente por conta dos vendidos [que ganham com a baixa da Bolsa]", comenta Júlio Mora, o operador sênior da TOV Corretora.

Mora, à semelhança de dez entre dez entre profissionais de mercado, também contava com uma fase de realização de lucros (venda de papéis valorizados) na Bolsa. "A questão é que os últimos números da economia americana vieram realmente melhores do que o esperado. Mas nós temos de lembrar que a base de comparação é muito baixa", afirma.

O analista da TOV ainda não descarta um período de quedas da Bolsa no curto prazo. "Para mim, quem entrar agora vai pagar muito caro [pelas ações]. A melhor orientação é esperar a Bolsa cair um pouco, antes de sair comprando. Mas isso depende do prazo de investimento. Em um horizonte mais longo, as perspectivas da Bolsa são muito boas", avalia.

A equipe de analistas da corretora Geração Futuro estima que o mercado já embutiu nos preços correntes das ações a perspectiva de crescimento dos EUA no segundo semestre e recuperação em 2010. Mas colocou dúvidas sobre o ritmo de retomada da maior economia do planeta.

"Não há dúvidas que a economia dos EUA tem apresentado uma sensível melhora, bem acima do que esperava há alguns meses atrás", avaliam os economistas da Geração, em relatório aos clientes. "Nesse contexto, apesar do mercado visualizar a retomada mais forte da economia dos EUA, com um crescimento próximo do potencial, não é possível afirmar com certeza que esta expectativa será atingida".

EUA, Brasil

Entre as principais notícias do dia, o Fed (Federal Reserve, o BC americano) informou que a produção industrial dos EUA teve crescimento de 0,8% em agosto, superando as melhores previsões dos economistas do mercado, que projetavam variação entre 0,6% e 0,7%.

E o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que a inflação do país foi de 0,4% em agosto, pela leitura do CPI (Índice de Preços ao Consumidor). Em julho, o mesmo índice apontou estabilidade dos preços.

Ainda nos EUA, o Departamento do Comércio informou que o deficit em conta corrente ficou em US$ 98,8 bilhões no segundo trimestre deste ano, o menor desde o quarto trimestre de 2001.

No front doméstico, o Ministério do Trabalho comunicou que a geração de empregos com carteira assinada teve o melhor resultado deste ano em agosto. Foram abertas 242.126 vagas no mês passado, o sétimo consecutivo com números favoráveis.

A FGV (Fundação Getulio Vargas) estimou inflação de 0,51% para setembro, pela leitura do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal), na segunda prévia deste mês. O número está 0,05 ponto percentual mais baixo que a taxa registrada na abertura do mês.

Empresas

O gigante mundial do setor de carnes JBS-Friboi informou nesta quarta-feira ao mercado que negocia com a rival Bertin (dona das marcas "Vigor" e "Leco") uma associação que deve viabilizar a unificação das operações das duas empresas. A JBS também revelou hoje que deve adquirir a americana Pilgrim's Pride Corporation por aproximadamente US$ 2,8 bilhões (cerca de R$ 5 bilhões).

A ação ordinária da JBS teve forta alta de 8,80% na Bolsa, enquanto o ativo da rival Marfrig avançou 3,94%.

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