Bovespa fecha em queda de 0,29%; mercado embolsa ganhos 17/09/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
As ordens de venda terminaram por predominar no pregão desta quinta-feira da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Em um dia instável, investidores oscilaram entre aumentar sua exposição a risco, animados com as perspectivas de recuperação da economia global, ou embolsar os ganhos passados. Até ontem, a Bolsa brasileira havia valorizado 60,88%. O mercado de moeda interrompeu uma sequência de três dias de perdas e manteve a taxa em R$ 1,80.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 0,29% no fechamento, cravando os 60.236 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,68 bilhões, ainda acima da média do mês (na casa dos R$ 5 bilhões/dia). Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 0,08%.
"Nós já vimos um tsunami, uma avalanche de notícias positivas [sobre a economia global]. E o mercado já está antecipando mais notícias favoráveis sobre a recuperação. Ocorre nós estamos vendo uma Bolsa extremamente esticada [valorizada]", comenta Ivanor Torres, analista da corretora gaúcha Geral.
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O profissional observa que muitos investidores voltaram a aplicar na Bolsa de Valores. E que esse fluxo novo de recursos torna possível que a tendência de alta se sustente por mais algum tempo, com realizações (quedas) pontuais. Para Torres, um episódio que detonar uma realização mais forte na Bolsa de Valores é a concessão do "grau de investimento" pela Moody's, a última das grandes agências de classificação de risco que não reconhecem esse "status" para o "rating" do país.
No final de agosto, o ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que a Moody's deveria elevar o Brasil ao grau de investimento em setembro.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,807, em um avanço de 0,38%. A taxa de risco-país marca 228 pontos, número 8,57% acima da pontuação anterior.
"O dólar chegou a cair para R$ 1,80, mas quando bate nesse nível nós notamos bastante ordens de compra, com muita atuação de estrangeiros. Isso não quer dizer que essa taxa não vai romper, mas somente que vai haver muita resistência. Vamos ver até quando essa cotação se sustenta", comenta Glauber Romano, profissional da mesa de operações da corretora Intercam.
Entre as principais notícias do dia, o Federal Reserve da Filadélfia (uma das 12 divisões regionais do BC americano) avisou que o setor manufatureiro da região teve nova alta em setembro, apresentando o melhor desempenho desde junho de 2007.
Ainda pela manhã, o Departamento de Comércio dos EUA informou que a construção de imóveis residenciais cresceu 1,5% no mês passado, chegando a um ritmo anualizado de 598 mil unidades. A cifra é a maior em nove meses, puxada principalmente pela construção de apartamentos.
Ainda nos EUA, o Departamento de Trabalho revelou que o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego caiu na semana passada para o menor nível desde julho. Para economistas, é um sinal de que os cortes de empregos começam a diminuir.
No front doméstico, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) comunicou que a inflação no município de São Paulo desacelerou na segunda quadrissemana do mês e apontou alta de 0,42%, após abrir setembro com aumento de 0,47%, pela leitura do IPC.
Empresas
O governo aumentou de 12,5% para 20% a parcela de capital do Banco do Brasil que pode estar em mãos de estrangeiros. Também já foi autorizada a emissão de ADRs (American Depositary Receipts, recibo de empresa estrangeira negociado nos EUA) do banco estatal. O BB já avisou que deve dar prosseguimento ao programa de lançamento desses papéis.
No pregão de hoje, a ação ordinária do BB teve ganho de 1,19%. Os rivais da iniciativa privada, Bradesco e Itaú-Unibanco, viram suas ações valorizarem 0,35% e 0,02%, respectivamente.