Após três dias de ganhos, Bovespa fecha em queda de 1,62% 23/09/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) "queimou" parte dos ganhos acumulados nas últimas semanas, no dia seguinte à promoção do país a "bom pagador", perante o mercado internacional, pela agência Moody's. Para analistas, a melhora da "nota de risco" brasileira seria a senha para um período de ajuste nos preços. O Fed (o banco central americano) surpreendeu pouco, confirmando expectativas de uma visão mais otimista sobre a maior economia do planeta. A taxa de câmbio cedeu para R$ 1,78, o menor preço desde 12 de setembro de 2008.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, retraiu 1,62% no fechamento, aos 60.496 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,80 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,83%.
Alguns analistas do setor financeiro veem um potencial de ganhos razoavelmente limitado para a Bolsa até o final do ano, ainda à espera de uma fase mais acentuada de "correção dos preços" (vendas). Projeções divulgadas por corretoras apontam para um patamar entre 60 mil e 65 mil pontos para dezembro.
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A equipe de analistas da Gradual Investimentos, que espera um Ibovespa em 62 mil pontos, ressalta que o fluxo de recursos para a Bolsa continua positivo.
"O fluxo de capital estrangeiro é explicado pela maneira extremamente favorável com que investidores internacionais enxergam o Brasil apesar da forte alta do Ibovespa (...) Já o fluxo local é explicado, principalmente, em função do atual nível dos juros da Selic, 8,75%, que desconta o imposto de renda, resultado num rendimento de renda fixa pouco atrativo", avaliam os profissionais da Gradual Investimentos, em relatório sobre o mercado de ações.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,788, o que significa um recuo de 0,55% sobre a cotação final de ontem. A taxa de risco-país marca 226 pontos, número 2,26% acima da pontuação anterior.
"O fluxo de entrada continua muito forte. Nós tivemos algumas grandes operações pontuais, que coincidentemente te caíram no mesmo dia. E algumas empresas que ainda contavam fechar câmbio a R$ 1,80, tiveram que se apressar com esse dólar indo para R$ 1,78", comenta Johny Kneese, diretor da corretora Levycam.
Entre as principais notícias do dia, o Federal Reserve (banco central dos EUA) decidiu por manter a taxa básica de juros desse país entre zero e 0,25% ao ano. Em seu comunicado pós-reunião, a autoridade monetária mostrou uma visão mais otimista sobre a economia americana, sem apontar para sinais preocupantes da inflação.
E o Departamento de Energia dos EUA informou que o volume de estoques de petróleo aumentaram na semana passada em 2,8 milhões de barris, quando analistas do setor previam um declínio em torno de 1,5 milhão de unidades.
No front doméstico, a FGV (Fundação Getulio Vargas) apontou inflação de 0,33% em setembro, pela leitura do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal), em sua terceira prévia do mês. Economistas esperavam variação em torno de 0,50%.
E no setor corporativo, a companhia aérea Gol avisou que deve lançar ações no mercado, podendo captar cerca de R$ 950 milhões (já descontadas as comissões). A operação deve servir para reforçar o balanço patrimonial da empresa, "permitindo responder rapidamente às mudanças no mercado e explorar oportunidades".