Bovespa fecha em queda de 1,72%; mercado cede após números dos EUA 01/10/2009
- Folha Online
Números desfavoráveis da economia americana serviram de pretexto para um dia em que as realizações de lucros (vendas de ações caras) predominaram na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), na jornada desta quinta-feira. O mercado de câmbio refletiu esse nervosismo e a taxa de câmbio atingiu R$ 1,78.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociados, retrocedeu 1,72% no fechamento, aos 60.459 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,28 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 2,09%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,788, em um avanço de 0,90% sobre a cotação final de ontem. A taxa de risco-país marca 252 pontos, número 7,69% acima da pontuação anterior.
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O mercado realmente piorou após a divulgação do índice ISM, que monitora o nível de atividade do setor manufatureiro dos EUA. Esse indicador mostrou desaceleração do setor e frustrou as expectativas de boa parte dos economistas do setor financeiro, que esperavam mais indícios de reaquecimento da indústria.
Entre outras notícias importantes do dia, o Departamento de Comércio dos EUA revelou que o nível de gastos dos consumidores teve crescimento de 1,3% em agosto, após uma alta de apenas 0,3% em julho. Trata-se do maior avanço desde outubro de 2001. A renda do consumidor, no entanto, teve expansão de 0,2% em agosto, mesma alta vista em julho.
O Departamento de Trabalho dos EUA contabilizou um incremento de 17 mil pedidos no montante de solicitações pelos benefícios do auxílio-desemprego, até a semana passada. Trata-se do primeiro crescimento após três semanas de declínio.
Ainda no front externo, o FMI (Fundo Monetário Internacional) apontou hoje que a recessão global está no fim, principalmente com sinais positivos vindos da Ásia. Para os EUA, o Fundo espera uma contração ainda pior da economia neste ano, mas prevê expansão de 1,5% para 2010. No caso do Brasil, o organismo internacional estima um crescimento de 0,7% neste ano e de 3,5% no próximo.
A entidade privada NAR (Associação Nacional de Corretores de Imóveis, na sigla em inglês) registrou uma alta de 6,4% nas vendas pendentes de casas nos Estados Unidos em agosto. A sequência de sete altas consecutivas é também a mais longa, na comparação mês a mês, desde o início dos registros, em 2001.
No Brasil, a FGV (Fundação Getulio Vargas) calculou uma inflação de 0,18% para setembro, pela leitura do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal). Trata-se do menor resultado desde a quarta semana de junho, quando o índice registrou variação de 0,12%.
O Ministério do Desenvolvimento informou que a balança comercial brasileira teve superavit de US$ 1,33 bilhão em setembro. Em 2008, no mesmo mês, o saldo foi positivo em US$ 2,75 bilhões. Trata-se do segundo pior resultado deste ano, somente perdendo para janeiro.
Recomendações
Ações do setor elétrico são a recomendação em comum nas sugestões de investimentos apontadas pelas corretoras TOV e Planner para outubro. A primeira indica os papéis da AES Tietê e Eletropaulo, baseada no "alto poder geração de caixa" das empresas, enquanto a Planner indica as ações da Tractebel.
Os destaques da Planner, no entanto, estão para as ações do setor financeiro, com recomendações para Itau-Unibanco, Bradesco e Redecard. Na carteira da corretora também estão as "blue-chips" Petrobras e Vale, além da siderúrgica Gerdau.
No caso da TOV, ainda consta Klabin, Confab e Random. A recomendação é baseada, entre outros fatores, nas perspectivas de crescimento da economia brasileira de médio prazo. No caso da Klabin, o analista André Mello cita "o aumento do consumo de papel krafliner nas fábricas de caixas de papelão ondulado"; para a Confab, ele nota que a exploração da camada pré-sal deve gerar "encomendas de grande porte" e lembra o acordo entre Vale e Petrobras para exploração de gás natural no litoral do ES.
Ele justifica a escolha dos papéis da Random citando, entre outros motivos, "a demanda ainda reprimida no Brasil, elevada idade média da frota brasileira e a tendência de recuperação da atividade econômica nacional nos próximos anos".