Bovespa fecha em alta de 0,49% e já acumula ganho de 70,6% no ano 09/10/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
O fluxo de capital estrangeiro e algum otimismo sobre a recuperação da economia global formaram o cenário que permitiu à Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) atingir, mais uma vez, o seu "preço máximo" deste ano. O seu principal indicador, o Ibovespa, bateu a marca dos 64 mil pontos, o mais alto desde o final de junho de 2008. O cenário externo ajudou: a Bolsa de Nova York também encerrou o pregão com sinal positivo. E em um ambiente de menor aversão ao risco, a taxa de câmbio oscilou em torno de R$ 1,73, o menor preço desde setembro de 2008.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, avançou 0,49% no fechamento, aos 64.071 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,78 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,80%.
"O fator preponderante tem sido o capital externo. É o investidor estrangeiro que tem feito pressão de compra e nós temos observado que ele tem diversificado bastante suas opções", comenta Edison Marcellino, gerente de operações da corretora Finabank. O profissional observa que as realizações de lucros (venda de ações muito valorizadas) têm sido pontuais e restritas: o investidor que vende também compra com a mesma rapidez, escolhendo ações que não tenham subido tanto em comparação.
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Apesar da forte alta da Bolsa neste ano (70,6%), o gerente da Finabank, a exemplo de outros profissionais de mercado, também não conta com uma queda mais acentuada das ações no curto prazo. "Para haver uma realização mais forte na Bovespa, era preciso que algum evento de grande relevância ocorresse, o que por enquanto não vimos ainda". Ele espera que os balanços de empresas estrangeiras possam trazer algum nervosismo para o mercado, mas vê perspectivas melhores para os resultados das companhias brasileiras.
A companhia aérea Gol fixou hoje o preço por ação (R$ 16,50) para a emissão da ordem de R$ 900 milhões neste mês. A ação preferencial da empresa foi o quarto papel mais negociado da Bolsa, com valorização de 3,69%. A ação da rival Tam teve ganho de 3,44%.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,737, em um recuo de 0,11%. A taxa de risco-país marca 213 pontos, número 3,61% abaixo da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA revelou que o deficit comercial desse país atingiu US$ 30,7 bilhões em agosto, o que significa uma retração de 3,5% sobre o mês anterior.
O presidente do Fed (Federal Reserve, o BC americano), Ben Bernanke, advertiu que a política de juros de seu país será ajustada para uma "configuração normal" assim que o panorama econômico "melhorar o suficiente". O BC local vem mantendo os juros primários da maior economia do planeta numa banda entre zero e 0,25% ao ano como forma de estimular o nível de atividade, às voltas com a pior recessão do país desde os anos 30.
Na terça-feira, a Austrália se tornou o primeiro país do G20 (grupo das nações mais desenvolvidas) a elevar sua taxa de juros básica. O BC local que as condições econômicas do país haviam se fortalecido além do esperado e ameaçavam pressionar a inflação.
No front doméstico, a FGV (Fundação Getulio Vargas) apontou inflação de 0,10% em sua primeira estimativa do IGP-M, índice de preços utilizado para reajuste dos aluguéis. Em setembro, para o mesmo período, a inflação registrada foi de 0,28%.
Em entrevista publicada pela BBC, o economista Nouriel Roubini advertiu para a disparidade entre o otimismo das Bolsas de Valores internacionais e a debilidade da economia real. Para o especialista, conhecido por sua antevisão dos problemas econômicos atuais, o mundo 'pode estar plantando as sementes da próxima crise'.