Em quinto dia de ganhos, Bovespa fecha em alta de 0,76% 15/10/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) contrariou mais uma vez as análises que previam uma jornada de baixa para o mercado brasileiro. Amparada por notícias positivas da economia doméstica, e com um cenário externo favorável (Bolsas americanas em alta), a Bolsa brasileira emendou seu quinto pregão consecutivo de ganhos, e renovou, novamente, o recorde de "preço" neste ano. Investidores focaram nas ações da Petrobras e Vale, que juntas movimentaram mais de R$ 1,3 bilhão em negócios.
O Ibovespa, termômetro das operações da Bolsa, subiu 0,76% no fechamento, aos 66.703 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,38 bilhões, bem acima da média de setembro, de R$ 5,33 bilhões). Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,47%, também na sua pontuação deste ano.
A taxa de câmbio, que já cai há cinco dias, encerrou o dia a R$ 1,700, a menor cotação desde 3 de setembro de 2008. A data é anterior ao início da pior fase da crise global, marcada pela quebra do banco Lehman Brothers. O risco-país bateu os 207 pontos, praticamente estável sobre a pontuação anterior.
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O gerente da Confidence Câmbio (especializada em câmbio turismo), Felipe Pellegrini, não descarta a possibilidade da taxa cambial chegar a R$ 1,60 "num momento de euforia no mercado". "O mercado deve testar a cotação de R$ 1,65 nos próximos dias", avalia o profissional da mesa de operações da corretora.
"Distorção"
Para Antonio Cesar Amarante, gestor de investimentos da corretora Senso, já existe uma clara "distorção" de preços na Bolsa de Valores. "O mercado já está adiantando os balanços de 2010, apostando numa recuperação no ano que vem", comenta. Para ele, os investidores estão pagando preços "acima da realidade", o que deve ser corrigido em algum momento. "Há ações de algumas grandes empresas que estão valendo mais do que no período anterior à crise global", cita.
"O que ocorre é o fluxo está mandando na Bolsa, e contra isso não há argumentos. O 'dinheiro' está sem muita escolha. O capital, lá fora, não tem as opções que tem por aqui", avalia o gestor, lembrando que os investidores estrangeiros já deixaram mais de R$ 20 bilhões desde o início do ano na Bolsa brasileira.
"Os grandes investidores estrangeiros já ganharam mais de 100%, em dólar, nos últimos meses. Vai chegar um momento em que eles vão avaliar que já ganharam demais e que não vale mais a pena correr o risco", conclui. Ele admite, porém, que ainda não é possível saber quando essa correção deve ocorrer, mas considera que a Bolsa estaria em "patamares mais realistas" em torno dos 60 mil pontos.
Bancos
Entre as principais notícias do dia, dois grandes americanos, fortemente avariados pela crise dos créditos "subprime", revelaram seus balanços do terceiro trimestre. O Goldman Sachs apresentou o melhor desempenho: o ganho dessa instituição financeira mais que triplicou (278%) e atingiu os US$ 3,2 bilhões. Já o Citigroup mostrou o resultado mais fraco: lucro de US$ 101 milhões no terceiro trimestre, ante um prejuízo de US$ 2,8 bilhões um ano antes.
Ainda nos EUA, o Departamento de Trabalho revelou uma nova queda na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego, um influente indicador sobre a situação do emprego nesse país. A cifra total de solicitações iniciais desse benefício foi de 514 mil até a semana passada, uma diferença de 10 mil pedidos em relação à estimativa anterior. Para analistas, pode ser um sinal de que as empresas estão demitindo menos.
O Federal Reserve de Nova York (uma das divisões regionais do banco central americano) apontou que o setor de manufaturas dessa região (que abrange o Estado de Nova York e partes de Nova Jersey e Connecticut) teve expansão em outubro, pelo terceiro mês consecutivo.
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que as vendas no comércio no país em agosto cresceram 0,7%. Trata-se da quarta alta consecutiva na comparação mês a mês. Sobre agosto de 2008, o crescimento foi 4,7%.