Bovespa fecha em queda de 2,88% em dia nervoso por novo IOF 20/10/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) chegou a desabar mais de 4% ao longo de um dia nervoso. A taxação de capital estrangeiro, e a queda das Bolsas estrangeiras, foi o contexto para um movimento bastante esperado de realização de lucros (venda de ações valorizadas para embolsar os ganhos). No segmento de câmbio, a taxa bateu R$ 1,74.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, recuou 2,88% no fechamento, aos 65.303 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,92 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 0,50%.
Nenhuma das mais de 60 ações que compõem o indicador valorizou hoje. No topo da lista, a ação da BM&F-Bovespa derreteu 8,41%; a ação da Cyrela perdeu 6,22%, enquanto o ativo da CCR Rodovias caiu 5,61%.
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"O que não agradou o mercado foi esse caráter de intervenção, essa mudança das regras no meio de jogo. Há sempre o medo de que venham mais medidas desse tipo", comenta Ivanor Torres, analista da corretora Geral. "Mas nós temos que ter consciência de que tudo isso também serviu de pretexto para uma realização. Todos os indicadores técnicos apontavam que as ações estavam muito caras, que a Bolsa estava sobrevalorizada. O risco de ficar posicionado ficou muito alto", acrescenta.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,745, em um acréscimo de 1,86% sobre a cotação final de ontem. A taxa de risco-país marca 222 pontos, número 1,36% acima da pontuação anterior. "O preço subiu demais hoje. Duvido que amanhã permaneça essa taxa [R$ 1,75]", comenta Paulo Prestes, da mesa de operações da corretora Exim.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA informou uma deflação de 0,6% em setembro, pela leitura do PPI (Índice de Preços ao Produtor, para preços no atacado). A maioria do mercado esperava variação nula para esse indicador.
Ainda nos EUA, o governo revelou que a emissão de licenças para construção de casas, um importante indicador do mercado imobiliário, apontou um desempenho frustrante para setembro: um recuo de 1,2% neste mês. Trata-se do pior declínio neste ano, depois do mês de abril (retração de 2,5%). A construção de casas cresceu 0,5% no mês passado.
Entre os principais balanços divulgados hoje, Coca-Cola e Bank of New York Mellon reportaram números frustrantes, enquanto a Caterpillar informou lucro acima do esperado.
No front doméstico, a FGV (Fundação Getulio Vargas) registrou inflação de 0,04% em setembro, pela leitura do IGP-M, ainda em sua segunda estimativa. Mercado esperava variação em torno de 0,10%.
O mercado ainda operou sob expectativa pela reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que anuncia amanhã a nova taxa básica de juros do país (referência para o custo dos empréstimos no setor bancário). Economistas de bancos e corretoras esperam que o juro primário seja mantido em 8,75% ao ano.