Bovespa fecha em alta de 0,28%; BC dos EUA afeta humor do mercado 21/10/2009
- Epaminondas Neto
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) recuperou parte das fortes perdas de ontem, dia de bastante nervosismo devido à medida do governo para taxar a entrada de capital estrangeiro. O famoso "Livro Bege", no entanto, jogou um balde água fria no mercado, derrubando a Bolsa de Nova York e afetando os ganhos do mercado brasileiro de ações. A taxa de câmbio desceu para R$ 1,72.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 0,28% no fechamento, aos 65.485 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,08 bilhões, acima da média do mês (R$ 7,60 bilhões/dia). Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em baixa de 0,92%.
"O mercado raciocinou que, mesmo que reduza um pouco a entrada de capital, o dinheiro que já está por aqui não vai sair. Os bancos centrais do mundo despejaram trilhões de dólares no mercado. E para onde vai todo esse dinheiro? O Brasil já mostrou que é uma economia relativamente confiável", nota Bernardo Rodarte, gerente de operações da corretora mineira Sita, sintetizando uma opinião generalizada entre corretores.
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As ações preferenciais da Petrobras e da Vale movimentaram mais de R$ 1,5 bilhão na jornada de hoje e puxaram o ganho do dia. Com giro de R$ 923,14 milhões, o ativo da mineradora valorizou 0,66%, enquanto a ação da estatal ascendeu 0,54%.
A ação da Net, primeira empresa de peso doméstica a abrir seus números, ascendeu 2,69%. "Financeiramente, a companhia tem conseguido manter forte capacidade de geração de caixa, suficiente para financiar seu crescimento", destacou a equipe de analistas da Link Investimentos, em relatório sobre os resultados da empresa.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,725, em um decréscimo de 1,14%. A taxa de risco-país marca 222 pontos, estável sobre a pontuação anterior.
A Bolsa de Nova York operou em terreno positivo durante a maior parte do dia. O mercado americano "virou", no entanto, depois que o Federal Reserve (banco central dos EUA) apontou que a atividade econômica nos Estados Unidos melhora de forma "débil" e "dispersa". A avaliação consta do famoso "Livro Bege", documento com dados econômicos coletados nas 12 divisões regionais do Fed.
Além do "Livro Bege", balanços de grandes empresas no Brasil e no exterior estiveram entre as principais notícias do dia. O destaque ficou por conta do banco Wells Fargo, quarto maior dos EUA, indicou lucro de US$ 3,23 bilhões para o terceiro trimestre, quase o dobro do resultado de um ano antes.
Outro banco importante, o Morgan Stanley, reportou lucro de US$ 498 milhões, interrompendo uma sequência de três trimestres de prejuízo. A fabricante de aviões Boeing anunciou um perdas de US$ 1,6 bilhão no trimestre, ante lucro de US$ 695 milhões um ano antes.
Já a montadora Fiat comunicou lucro de aproximadamente US$ 37,3 milhões no terceiro trimestre, ante ganho de US$ 698,5 milhões no mesmo período de 2008.
No front doméstico, a empresa de TV por assinatura Net informou lucro líquido de R$ 246 milhões no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 63 milhões apurado um ano antes.
A Previdência Social registrou em setembro deficit de R$ 9,172 bilhões, o pior resultado desde setembro de 2007.
Investidores operaram sob expectativa da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que anuncia a nova taxa básica de juros do país (referência para o custo dos empréstimos no setor bancário) após o fechamento das Bolsas de Valores. Economistas de bancos e corretoras esperam que o juro primário seja mantido em 8,75% ao ano.