Bovespa fecha em alta de 1%, ainda sem recompor perdas com IOF 22/10/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) voltou a encerrar o expediente com recuperação, mas ainda sem recompor totalmente as perdas com "a crise" do novo IOF sobre capital estrangeiro. O dia foi sobrecarregado de indicadores econômicos e balanços importantes, principalmente nos EUA. A economia doméstica mostrou notícias favoráveis, mostrando menos desemprego e encolhimento da dívida pública. A taxa de câmbio foi estabilizada em R$ 1,72.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, subiu 0,99%, para os 66.134 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,72 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em alta de 1,33%.
Profissionais de mercado ainda manifestam dúvidas se todos os efeitos do novo imposto já se dissiparam no mercado financeiro. "Isso é um processo que não ocorre de uma hora para hora. Vamos precisar de mais algum tempo para verificar todas as suas consequências. Mas nós já vemos algumas notícias de que já existem meios de compensar esse imposto", comenta Waldney Trindade, profissional da corretora capixaba Uniletra. Ele destaca o papel do investidor doméstico como um fator de equilíbrio nesse cenário de incertezas, já que as quedas recentes abriram algumas oportunidades para quem estava de fora da Bolsa.
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O mercado de câmbio manteve o dólar comercial em R$ 1,725. A taxa de risco-país marca 222 pontos, número 0,44% abaixo da pontuação anterior.
Bolsas asiáticas e europeias refletiram a frustração dos investidores com os números da economia chinesa. Pequim informou que a economia nacional cresceu 8,9% no terceiro trimestre de 2009. Economistas estimavam um incremento na casa dos 9,1%. O país é um importante importador de commodities, e é um dos principais mercados de empresas brasileiras importantes, a exemplo da Vale.
Mais tarde, alguns indicadores da economia americana ajudaram a melhorar o humor dos investidores, e contribuíram para a recuperação da Bolsa de Nova York. O fato de que algumas grandes empresas entregaram resultados pelo menos satisfatórios, do ponto de vista de analistas do setor financeiro, também sustentou a recuperação vista hoje.
Nos EUA, o Departamento de Trabalho registrou crescimento na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego, um influente 'termômetro' das condições do mercado de trabalho americano. A cifra total de pedidos iniciais aumentou de 520 mil para 531 mil nas duas últimas semanas, superando as expectativas dos analistas.
Pouco depois, a entidade privada Conference Board revelou que seu índice de 'Indicadores Antecedentes', que busca prognosticar o futuro da economia americana, voltou a mostrar crescimento para os próximos meses.
No rol de balanços já divulgados, o banco Credit Suisse, a Xerox e a 3M (artigos para escritório), além do McDonald's (refeições) surpreenderam os analistas com resultados acima do previsto. A AT&T (telecomunicações) apresentou lucro menor, mas ainda com viés positivo.
Brasil
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a taxa de desemprego país foi de 7,7% em setembro, ante 8,1% em setembro. Trata-se do menor índice desde dezembro de 2008, quando estava em 6,8%.
A empresa de cosméticos Natura anunciou um lucro líquido de R$ 190,2 milhões para o terceiro trimestre, acima dos R$ 159,7 milhões um ano antes. A diretoria declarou que pretende aumentar a receita com negócios no exterior nos próximos quatro anos. A ação ordinária teve perdas de 2,66%.
E ontem à noite, a Usiminas informou que teve um lucro líquido de R$ 454 milhões de julho a setembro, uma queda de 23% na comparação com igual período de 2008, mas um avanço em relação ao ganho de 369 milhões de reais apurado no segundo trimestre deste ano. A ação preferencial (classe B) sofreu queda de 0,42%.
Analistas da Brascan Corretora criticaram a "piora no mix de vendas" e a "maior queda de preços [nos produtos da empresa]", além do estimado. "Esperamos uma recuperação da margem bruta da Usiminas nos próximos trimestres, liderada principalmente por um estoque menos impactado por matérias-primas a custos muito elevados", avaliam Rodrigo Ferraz e Pedro Montenegro, em relatório distribuído hoje sobre os resultados da companhia.