Bovespa fecha em queda de 1,63% e perde 1,72% na semana 23/10/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
Investidores preferiram vender ações que já subiram demais (pelos parâmetros do mercado) para embolsar ganhos no encerramento desta semana na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). O dia foi carregado, com a divulgação de vários indicadores importantes nos EUA e balanços de grandes empresas, do porte da Microsoft. A taxa de câmbio desceu para R$ 1,71.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, retraiu 1,63% no fechamento, cravando os 65.057 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 1,08%.
"A Bolsa tem seguido um comportamento nos últimos dias de subir com alguma força pela manhã, mas encerrar em baixa. Parece ainda um efeito sobre o mercado da taxação sobre capital estrangeiro, que estimulou a realização de lucros [vendas]", comenta Marco Aurélio Etchegoyen, operador da corretora gaúcha Diferencial. "Temos a impressão também que é o investidor residente que está segurando um pouco mais a Bolsa de Valores. Ele continua com apetite por risco", acrescenta, em um comentário que reflete a opinião de outros profissionais de corretoras.
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Embora permaneça a perspectiva otimista para o médio prazo, alguns profissionais de mercado veem boas chances da Bolsa brasileira ter mais dias voláteis a frente, em que as ordens de venda podem predominar.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,713, em um decréscimo de 0,69% sobre a cotação final de ontem. A taxa de risco-país marca 219 pontos, número 1,35% abaixo da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, a entidade privada NAR (Associação Nacional de Corretores de Imóveis, na sigla em inglês) apontou um crescimento de 9,4% na venda de casas usadas em setembro nos EUA. O estoque anualizado (5,57 milhões de unidades) foi o mais alto em mais de dois anos.
O ONS (Escritório Nacional de Estatísticas, na sigla em inglês) informou que o PIB (Produto Interno Bruto) do Reino Unido encolheu 0,4% sobre o segundo trimestre e 5,2% na comparação com o terceiro trimestre de 2008. Trata-se do sexto trimestre consecutivo de queda e a mais longa recessão dentro da série histórica iniciada em 1955.
Internamente, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou inflação de 0,18% em outubro ante 0,19% em setembro, pela leitura do IPCA-15, prévia da inflação oficial. No acumulado dos 12 meses terminados em outubro, a taxa foi de 4,14% -- abaixo dos 4,27% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
E o Banco Central revelou que o volume de investimento estrangeiro no mercado financeiro doméstico foi o maior da série histórica, iniciada em 1947. O valor chega a US$ 8,762 bilhões em setembro, considerado as estatísticas até esta sexta-feira. No mesmo período, saíram do Brasil US$ 4,3 bilhões.
Empresas
A gigante de informática Microsoft reportou um lucro líquido de US$ 3,6 bilhões (US$ 0,40 por ação) para o terceiro trimestre deste ano, uma baixa de 18% na comparação com os resultados de um ano antes. Ainda assim, o resultado foi melhor do que o previsto por economistas de Wall Street.
O grupo americano do setor químico Dow Chemical informou que teve lucro líquido de US$ 711 milhões no terceiro trimestre, um crescimento de 66,12% em relação ao mesmo período de 2008.
No front doméstico, a Suzano Papel e Celulose comunicou que teve um lucro líquido de R$ 213 milhões no terceiro trimestre deste ano, ante perdas de R$ 282 milhões um ano antes. A ação preferencial desvalorizou 2,45%.
Ontem à noite, a operadora de telefonia Oi anunciou que obteve lucro líquido de R$ 64 milhões no terceiro trimestre deste ano --uma queda de 71,2% sobre o ganho proforma (dados extraoficiais obtidos na soma das operações da Oi e da Brasil Telecom, cujo processo de fusão com a Oi está no estágio final). A ação preferencial teve ganho de 3,72%.
Também após o encerramento dos negócios, a Redecard, empresa de meios eletrônicos de pagamento, registrou um lucro líquido de R$ 333 milhões para o terceiro trimestre, contra R$ 281,8 milhões em igual período do ano passado. A ação ordinária caiu 3,05%.