Bovespa fecha com avanço de 5,91%, em sua maior alta desde maio 29/10/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
O mercado brasileiro de ações não testemunhava uma recuperação tão forte como a de hoje desde maio deste ano, quando os investidores começaram a ver alguma "luz no fim do túnel" a respeito da crise mundial. Hoje, o fim "técnico" da recessão nos EUA foi motivo suficiente para os investidores deixarem de lado os temores com a taxação de capital estrangeiro, um dos motivos alegados para a queda dos últimos dias. E em um ambiente de menor nervosismo, a taxa de câmbio cedeu para R$ 1,73.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, subiu 5,91% no fechamento, aos 63.720 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,31 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou com avanço de 2,05%.
"Hoje, o mercado ficou por conta do PIB americano, que gerou todo esse entusiasmo, e do exagero da queda de ontem. Nós passando por alguns dias atípicos, e acho que não devem se tornar regra para os próximos dias. Os dados de amanhã [sobre a economia americana] são muito importantes, mas acho que não tem potencial para provocar tanto estresse no mercado quanto esse número do PIB", comenta Boris Kogan, profissional da mesa de operações da corretora Walpires.
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"O resultado é animador, porque confirma que os EUA saíram da recessão, mas ainda é necessário cautela. Precisamos ficar atentos para perceber se tal sinal de recuperação vai continuar com a retirada paulatina dos incentivos do governo", avalia o economista da corretora WinTrade, José Góes, em comentário sobre o resultado do PIB americano.
O principal motor da alta de hoje da Bolsa brasileira foi a ação preferencial da Vale. O ativo da mineradora disparou 8,58%, movimentando R$ 1,05 bilhão. A ação ordinária girou outros R$ 221,27 milhões, com valorização de 8,87%.
Ontem à noite, Vale revelou um lucro líquido de R$ 3 bilhões para o terceiro trimestre deste ano, o que significa uma retração de 61% sobre o resultado no mesmo período de 2008. Analistas de mercado destacaram as perspectivas positivas com o crescimento das vendas para a China e a recuperação dos mercados na Europa, Japão e América do Sul.
Outras empresas do setor de commodities metálicas também impulsionaram a Bovespa, a exemplo de Usiminas (2,97%), Gerdau (7,71%) e CSN (5,45%), ações rol das mais negociadas no pregão de hoje.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,731, em um decréscimo de 1,36%. A taxa de risco-país marca 227 pontos, número 6,93% abaixo da pontuação anterior.
PIB surpreende
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA estimou o crescimento do país em 3,5% no terceiro trimestre, acima do esperado por analistas do setor financeiro. O número ainda deve sofrer revisão no próximos meses.
Ainda nos EUA, o Departamento de Trabalho informou uma queda na demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego. A cifra total de pedidos caiu para 530 mil. Economistas de Wall Street esperavam uma retração para 525 mil unidades.
Os balanços divulgados, apesar dos resultados frustrantes, não foram suficientes para derrubar os mercados. O grupo petroleiro britânico Royal Dutch Shell anunciou uma queda de 62% de seu lucro líquido no terceiro trimestre, enquanto a Eastman Kodak entregou um prejuízo (US$ 111 milhões) maior do que Wall Street previa no terceiro trimestre. Já a gigante americana de bens de consumo Procter & Gamble comunicou um ganho de US$ 3,31 bilhões, em queda de 1% sobre o resultado anterior.
Brasil
No front doméstico, a FGV (Fundação Getulio Vargas) apontou uma inflação de 0,05% em outubro, ante 0,42% em setembro, pela leitura do IGP-M, utilizado para o reajuste dos aluguéis.
E a ata do Copom (Conselho de Política Monetária), relativa à reunião da semana passada, revelou que o Banco Central está preocupado com as pressões da demanda interna sobre a inflação. "Depois de uma breve contração, a demanda doméstica passou a mostrar evidências de recuperação, graças aos efeitos de fatores de estímulo, como o crescimento da renda", afirma o colegiado de diretores do BC, na ata.