Bovespa segue NY e fecha em alta de 2,03% 04/11/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) já acumula ganho de quase 4% nos últimos dois dias, com o mercado revendo as fortes quedas anteriores. A decisão do banco central americano não surpreendeu os investidores, e contribuiu de forma "ligeiramente positiva" para a recuperação dos preços, na visão de alguns analistas. A taxa de câmbio cedeu para R$ 1,72.
O Federal Reserve (o banco central dos EUA) manteve a taxa básica de juros desse país na "banda" de zero a 0,25% ao ano. Em seu comunicado pós-reunião, os integrantes da autoridade monetária americana apontaram uma economia em recuperação, mas que deve permanecer "fraca" por "algum tempo".
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, subiu 2,03% no fechamento, aos 63.912 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,60 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York ainda opera e valoriza 0,19%.
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"Os mercados mundiais já estavam antecipando desde manhã esse relatório do Fed, que veio dentro do esperado. A alta dos preços dos commodities, com a queda do dólar [frente ao euro e à libra], certamente também ajudou na recuperação de hoje", comenta André Hanna Farath, da área de análise da corretora Interfloat.
Farath ressaltou que a leitura do relatório do Fed não foi totalmente positiva. "O fato dele ter mantido basicamente o mesmo comunicado da reunião anterior, também pode significar que, para ele, a recuperação ainda não é totalmente consistente", avalia o analista.
Em seu comunicado pós-reunião, a autoridade monetária dos EUA sinaliza que deve manter a taxa básica de juros em nível "extraordinariamente baixo" por um longo tempo.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,728, em um decréscimo de 0,97%. A taxa de risco-país marca 226 pontos, número 4,23% abaixo da pontuação anterior.
O Banco Central informou que o país teve a maior entrada de dólares do ano --US$ 14,59 bilhões- já considerando as retiradas. O resultado foi impulsionado pelo lançamento de ações do banco Santander e superou por larga margem o fluxo de setembro (US$ 1,36 bilhão).
Entre as principais notícias do dia, a consultoria ADP reportou que o setor privado nos EUA perdeu 203 mil postos de trabalho em outubro. Trata-se do menor número de vagas fechadas no país desde julho do ano passado, segundo a consultoria. O dado é bastante influente, porque antecipa o relatório oficial sobre mercado de trabalho previsto para sexta-feira.
Ainda nos EUA, o ISM (Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês) apontou que o nível de atividade do setor de serviços, um dos mais importantes da economia americana, apresentou contração em outubro. A sondagem do instituto privado mostrou leitura de 50,6 em no mês passado, ante 50,9 em setembro.
No front doméstico, a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) calculou inflação de 0,25% para o mês de outubro no município de São Paulo, ante 0,16% em setembro, pela leitura do IPC (Índice de Preços ao Consumidor).
Empresas
A Telefônica elevou sua proposta para adquirir a operadora de telefonia fixa GVT, de aproximadamente R$ 6,5 bilhões para R$ 6,95 bilhões, dispondo-se a pagar R$ 50,50 por ação. A ação da GVT teve ganho de 1,27%, sendo cotada a R$ 51.65.
A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) registrou lucro líquido de R$ 1,15 bilhão no terceiro trimestre, ante lucro de R$ 40 milhões em igual período do ano passado, período afetado pelas perdas pesadas dessa empresa com derivativos financeiros. A ação preferencial teve acréscimo de 3,07%.
Já o Bradesco anunciou um lucro líquido de R$ 1,81 bilhão para o terceiro trimestre, queda de 5,2% em relação ao ganho de R$ 1,91 bilhão um ano antes. A ação preferencial cedeu 0,25%.
Na cena externa, o destaque foi o resultado da gigante do setor de entretenimento Time Warner comunicou que obteve lucro líquido no terceiro trimestre, para US$ 661 milhões (US$ 0,55 por ação), uma queda de 38,2% sobre o resultado de um ano antes.