Anselmo Duarte morre em SP aos 89 anos 07/11/2009
- Folha Online
Morreu na madrugada deste sábado o ator e cineasta Anselmo Duarte, diretor do filme "O Pagador de Promessa", aos 89 anos, no Hospital das Clínicas. Ele estava internado desde 27 de outubro quando deu entrada com um AVC (acidente vascular cerebral) hemorrágico, segundo a assessoria do hospital.
Em setembro, o ator e cineasta, chegou a ficar internado no Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas), em São Paulo por quase um mês, para avaliação e tratamento cardiológico e urológico.
Na época, o hospital informou que o quadro cardíaco do cineasta, comprometido por um infarto do miocárdio, havia sido estabilizado.
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Nascido em Salto, interior de São Paulo, Anselmo Duarte Bento consagrou-se como diretor de "O Pagador de Promessas", único filme brasileiro a conquistar a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
O primeiro contato de Duarte com o mundo do cinema foi aos 10 anos, quando começou a trabalhar como molhador de tela em sessões de cinema mudo. Sua função era umedecer o painel esquentado pelo projetor, evitando incêndios.
Aos 22 anos, participou como figurante de 'It's All True' filme inacabado do cineasta norte-americano Orson Welles. Em 1947, Duarte atuou em seu primeiro longa, 'Não Me Digas Adeus', de Luis Moglia Barth.
Dois anos mais tarde, finaliza o roteiro de "Carnaval no Fogo", filme que contou com Grande Otelo e Oscarito no elenco. Casou-se em 1949 com a atriz Ilka Soares, separando-se sete anos mais tarde.
Contratado pela Companhia Vera Cruz, principal estúdio cinematográfico brasileiro da década de 50, escreve, dirige e atua em diversos filmes, com destaque para "Tico-Tico no Fubá", "Sinhá Moça" e "Absolutamente Certo".
Seu maior sucesso, "O Pagador de Promessas", é concluído em 1962. O filme com Glória Menezes e Leonardo Villar desbanca títulos de Luis Buñuel e Michelangelo Antonioni e conquista o prêmio máximo do Festival de Cannes, além de receber uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Na época, o cineasta entrou em atrito com os principais expoentes do Cinema Novo, que acusavam o diretor de realizar apenas filmes comerciais e de apelar à estética de Hollywood.
Durante a década de 70, dirige atores como Pepita Rodrigues, Jorge Dória, Lucélia Santos, Lima Duarte e Stênio Garcia em diversas produções. Entretanto, seus filmes não alcançam o mesmo sucesso de crítica e público de suas obras anteriores.
Na década seguinte, deixa a direção e participa de poucos projetos como ator, entre eles os filmes "Tensão no Rio" e "Bela Adormecida". Em 1987, encerra a carreira cinematográfica e volta a viver em Salto, onde a prefeitura local cria a Semana Anselmo Duarte.
Em 1997, os organizadores do 50º Festival de Cannes prestam uma homenagem a todos os vencedores da Palma de Ouro, convidando Duarte para participar do evento na França.
Criado em 2008 por seu filho, Ricardo Duarte, o Instituto Anselmo Duarte ajuda a preservar e divulgar o legado do cineasta paulista.