Novembro de festa na "Capital do Cavalo" 07/11/2009
- José Carlos Cafundó - O Estado de S.Paulo
Começou ontem e vai até o dia 15 a Feira Internacional do Cavalo Lusitano, em Golegã, Portugal. A cidade, fundada em 1524, mantém características de um bucólico vilarejo onde vivem não mais do que 7 mil pessoas. A sua grandeza está na qualidade dos seus cavalos lusitanos e na dedicação das seculares famílias de criadores da região. Nos dez dias da mostra passarão por ali cerca de 50 mil pessoas, vindas de Portugal, além de vários países da Europa e das Américas. Muitos brasileiros estarão lá, pois o Brasil é hoje o grande mercado da raça, tanto em vendas quanto em criatórios e número de animais.
A feira, famosa nos quatro cantos do mundo, é uma oportunidade não apenas para quem gosta de cavalos, mas também para iniciados, que vão em busca de animais de alta performance. Estarão na mostra cerca de 800 animais e tudo poderá ser visto na vasta programação de apresentações e disputas, como os concursos de Resistência Equestre; de Saltos e Obstáculos e de Atrelagem e de Andamentos.
O público também verá apresentações gerais de cavalos montados, como os da mundialmente famosa Escola de Equitação de Alter do Chão; do Carrossel da Escola Prática de Cavalaria e da Escola Militar de Mafra. Um dos pontos altos da feira de Golegã, intrinsecamente ligado à sua origem histórica que remonta ao século 14, ocorre na quarta-feira, dia 11, Dia de São Martinho. Neste dia haverá a Procissão de Romeiros pelas ruas da cidade e bênção na Igreja Matriz.
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Os moradores da região de Golegã têm uma predileção pelos cavalos e isso é mostrado nos 365 dias do ano, quando ocorrem vários eventos equestres na cidade. Outro detalhe importante é a escola local, que tem equitação em seu currículo. Quando chegam ao 4º ano de estudos, os alunos passam a ter aulas semanais, de 50 minutos, no Centro Equestre Nicolau Pernes. As atividades começam com aulas teóricas sobre a origem do cavalo lusitano e práticas nas estrebarias do centro onde meninos e meninas têm de, primeiro, fazer a toalete dos cavalos e alimentá-los para, só então, aprender a montar.
O criador José de Castro Canelas, proprietário da Coudelaria Castro Canelas, fundada por seu bisavô no século 19, em Golegã, com 25 animais puros, disse estar muito otimista com a feira deste ano porque, apesar da crise econômica mundial, a compra e venda de cavalos lusitanos não mostrou recessão. Isso é possível, segundo ele, porque cada vez mais os criadores estão se esmerando em ter animais de qualidade, sempre bem aceitos no mundo todo. "O cavalo lusitano é o mesmo de várias décadas. Mas os andamentos estão se tornando mais brilhantes, com maior amplitude, força e impulsão, atributos conseguidos por criteriosa seleção de matrizes e cruzamentos com garanhões mais aptos à melhoria." A criação de Castro Canelas explora 14 hectares em Golegã e este ano já vendeu produtos para Portugal e também para Suécia, Bélgica, França e Espanha. O preço de seus potros e potras varia entre 10 mil e 15 mil euros. A família Castro Canelas vive, porém, do plantio de batata, tomate e brócolis, em cerca de 600 hectares às margens do Rio Tejo.
SERVIÇO
Golegã fica no distrito de Santarém, a 100 quilômetros de Lisboa, entre a Chamusca e o Arrepiado. Informações sobre o evento podem ser obtidas na Câmara Municipal, no endereço eletrônico http://www.cm-golega.pt/ ou e-mail geral@cm-golega.pt, e na Associação Nacional de Turismo Equestre (Ante), e-mail antegolega@hotmail.com. A programação completa, no site http://www.horsefairlusitano.org/.