Bovespa fecha em queda de quase 3% com dólar a R$ 1,73 12/11/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
Os investidores concentraram as ordens de vendas principalmente nas últimas horas do pregão desta quinta-feira na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). As ações da Vale e da Petrobras desabaram, puxando as perdas do dia. Os mercado americanos sofreram com o aumento da aversão ao risco. E num ambiente de maior nervosismo, a taxa de câmbio cravou R$ 1,73.
O Ibovespa, o termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retrocedeu 2,99%, aos 64.447 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,08 bilhões, acima da média do mês (R$ 6,4 bilhões/dia). Ainda aberta, a Bolsa de Nova York recua 0,88%.
A ação preferencial da Vale, com movimento de R$ 1,2 bilhão, desvalorizou 4,08%; A ação preferencial da Petrobras, que movimentou outros R$ 748 milhões, teve queda de 2%.
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Profissionais de mercado viram no forte volume de negócios a indicação de que os investidores deram partida num movimento bastante conhecido de final de ano: a venda de ações mais caras para embolsar os ganhos do período (71,6% neste ano), de modo a garantir uma rentabilidade positiva para as carteiras de investimentos.
O fato dos balanços de empresas já publicados terem mostrado resultados pelo menos satisfatórios foi outro fator que justificou a onda de vendas de hoje.
A área de análise da Um Investimentos observa que essa volatilidade deve ser a tônica dos últimos dias desse ano, numa temporada em que os fundamentos econômicos não devem mais "mandar" tanto nos rumos do mercado.
O dólar comercial foi negociado por R$ 1,738, em alta de 0,92%. A taxa de risco-país marca 216 pontos, número 3,34% acima da pontuação anterior. Corretores destacaram a medida do Banco Central para supervisionar as captações de recursos externas de bancos e empresas
"Essa medida tem efeito regulador. Dessa forma, o governo pode monitorar as operações dessas empresas e até evitar que se repita o que aconteceu com a Sadia e a Aracruz no ano passado, por exemplo", comenta Mário Paiva, analista da corretora Liquidez. "E com essa medida, o Banco Central também mostra que está monitorando a situação, está acompanhando de perto. E cria a expectativa de que pode soltar mais medidas lá na frente", acrescenta.
Os destaques do dia foram os balanços de algumas das mais importantes empresas do país, a exemplo do Banco do Brasil, que apurou ganho de R$ 1,979 bilhão, 6% superior ao ganho de R$ 1,867 bilhão em igual período do ano anterior. A ação ordinária cedeu 0,16%.
A fabricante de bebidas AmBev reportou lucro líquido consolidado de R$ 1,23 bilhão no terceiro trimestre, alta de 5,8% na comparação com o lucro de R$ 1,16 bilhão um ano antes. A ação preferencial cedeu 4,41%.
Já o grupo Pão de Açúcar anunciou lucro líquido de R$ 171 milhões no terceiro trimestre deste ano, em um crescimento de 156,7% sobre o resultado no mesmo período de 2008. Os números já embutem a aquisição da rede Ponto Frio, no início de junho. A ação preferencial teve queda de 4,40%.
Ontem à noite, a MMX, braço de mineração do grupo EBX, do empresário Eike Batista, registrou prejuízo de R$ 27,2 milhões no terceiro trimestre do ano, contra perda de R$ 343,4 milhões no mesmo período do ano passado. A ação ordinária caiu 4,71%.
No front internacional, a Wal-Mart informou lucro no terceiro trimestre fiscal da empresa --de agosto a outubro- de R$ 3,23 bilhões, ou US$ 0,84 por ação. No mesmo período de 2008, a gigante mundial de varejo havia apurado ganho de US$ 3,14 bilhões, ou US$ 0,80 por ação, um ano antes.
EUA
O Departamento do Trabalho dos EUA revelou que retraiu a demanda pelo auxílio-desemprego: o número de pedidos iniciais desse benefícios caiu em 12 mil na semana encerrada no último dia 7, para 502 mil solicitações.
O número de beneficiados também caiu -- para 5,631 milhões de cidadãos (dado do dia 31 de outubro)-- o que significa a saída de 139 mil pessoas desse cadastro.