Bovespa tem dia volátil e fecha em alta de 0,42%, à espera de Copom 09/12/2009
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) oscilou bastante na sessão desta quarta-feira, firmando tendência somente nas últimas horas do expediente. O mercado teve um dia nervoso, com o rebaixamento do "rating" (nota de risco de crédito) de economias desenvolvidas, num rescaldo da crise mundial de 2008. A taxa de câmbio doméstica cravou R$ 1,77, o preço mais alto desde o ínicio de outubro.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, subiu 0,42% no fechamento, aos 68.011 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,13 bilhões. Ainda operando, a Bolsa de Nova York avança 0,47%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,771, em alta de 0,73%. A taxa de risco-país marca 208 pontos, número 1,88% abaixo da pontuação anterior.
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"Em cenários como esse, é habitual que bancos e fundos procurem manter dólar em suas carteiras como precaução", comenta Aldair Lara Alves, da mesa de operações da corretora Moeda. "O volume de negócios diário está realmente abaixo da média que nós vimos nos últimos meses e nós estamos com a perspectiva de uma saída de capital por conta de remessa de lucros e pagamento de juros sobre capital pelas nos próximos dias", acrescenta, lembrando ainda dos leilões diários de compra do Banco Central.
Ontem, o mercado ficou nervoso com a notícia de que a agência de classificação de "rating" (risco de crédito) Fitch rebaixou a classificação da Grécia, com base em preocupações sobre o estado das contas públicas desse país. No dia anterior, a agência Moody's havia alertado para as dificuldades de grandes economias, como França e EUA, administrarem suas dívidas por conta da fraca recuperação econômica.
Hoje, a agência Standard & Poor's rebaixou a perspectiva do rating soberano (nota de risco de crédito de um país) da dívida de longo prazo da Espanha de "estável" para "negativa", abrindo a possibilidade de ocorrer a queda da nota.
Entre outras notícias importantes, a China anunciou que vai manter sua política de estímulos ao consumo doméstico, inclusive com subsídios, de modo a manter o crescimento econômico. No entanto, analistas de mercado comentam que autoridades bancárias chinesas querem reduzir a concessão de empréstimos para desestimular uma possível "bolha", inflada por créditos problemáticos.
Ontem à noite, o governo japonês divulgou nova estimativa do PIB (Produto Interno Bruto), revelando um crescimento de somente 0,3% no terceiro trimestre ante o segundo. Economistas previam uma expansão de 0,7%. A estimativa anterior apontava um aumento de 1,2%.
Copom e inflação
No front doméstico, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou uma inflação de 0,41% em novembro, pela leitura do IPCA. Em outubro, a inflação oficial foi de 0,28%.
Em relação ao Copom, economistas avaliam que o Comitê não deve mexer no atual nível da Selic (8,75% ao ano), pelo menos por enquanto. Eles aguardam, no entanto, mudanças no teor do comunicado pós-reunião, que pode reforçar ou não a expectativa de ajuste de juros em 2010.
Para José Goés, economista da WinTrade (da corretora Alpes), a "inflação bem comportada", e o nível atual de utilização da capacidade instalada (que permite às indústrias aumentarem a produção sem maiores gastos), entre outros fatores, reforçam a expectativa pela manutenção dos juros. Para ele, o mais importante será o teor da ata da reunião de hoje, que será divulgada na quinta-feira da semana que vem. "Os economistas e analistas continuarão atentos às pistas sobre a proximidade de uma eventual elevação da taxa de juros", afirma.