Indústria representa 30% do PIB e segura alta; campo puxa para baixo 10/12/2009
- Folha Online
Os resultados do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre ficaram abaixo do que governo e mercado esperavam e podem comprometer o desempenho ao final do ano, na comparação com 2008. A alta foi puxada, principalmente, pela indústria, enquanto que a agropecuária repetiu desempenho negativo no trimestre.
Para o PIB de 2009 fechar empatado com 2008, o quarto trimestre terá que registrar alta de 5%. Abaixo disso, a economia brasileira terá desempenho negativo. Se isso ocorrer, será a primeira vez desde 1992.
Naquele ano, o PIB registrou queda de 0,5%. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou, no entanto, que a metodologia foi aperfeiçoada em 1996 e que os dados deste ano não podem ser totalmente comparados com 1992.
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Trimestre
O crescimento de 1,3% de julho a setembro, se comparado aos três meses imediatamente anteriores, é o melhor desde o primeiro trimestre de 2008. Em relação ao terceiro trimestre de 2008, a economia teve retração de 1,2%.
Para que o país cresça 1% em 2009, o PIB terá que subir 9,1% no quarto trimestre, sempre em relação a período correspondente no ano passado. Para que a economia avance 0,5%, será necessário incremento de 7% no PIB do quarto trimestre.
Em termos anuais (considerando 12 meses terminados em setembro), a última vez que o Brasil registrou queda foi em 1999.
"A indústria e o investimento apresentaram um bom desempenho no terceiro trimestre, em relação aos três meses imediatamente anteriores, nas ainda tem queda em relação ao ano passado", afirmou a gerente de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
O PIB, que mostra o comportamento de uma economia, é a soma das riquezas produzidas por um país e formado pela indústria, agropecuária e serviços. O PIB também pode ser analisado a partir do consumo, ou seja, pelo ponto de vista de quem se apropriou do que foi produzido. Neste caso, é dividido pelo consumo das famílias, pelo consumo do governo, pelos investimentos feitos pelo governo e empresas privadas e pelas exportações.
Indústria
O setor industrial representa cerca de 30% da composição do PIB e teve alta de 2,9% frente ao segundo trimestre. Em relação ao período de julho a setembro do ano passado, a indústria despencou 6,9%. De janeiro a setembro, a queda foi de 8,6%, e no acumulado em 12 meses, houve retrocesso de 7,1%.
Já o setor de serviços, que representa mais de 60%, registrou incremento de 1,6% na comparação com o segundo trimestre. Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, o PIB dos serviços subiu 2,1%, assim como no acumulado de janeiro a setembro, cujo avanço chegou a 1,9%. Nos últimos 12 meses encerrados em setembro, verifica-se também alta de 1,9%.
O setor agropecuário, por sua vez, caiu 2,5% na comparação com o período de abril a junho deste ano. Em relação ao terceiro trimestre de 2008, a agropecuária teve queda de 9%. A retração do setor chegou a 5,3% quando o desempenho de janeiro a setembro é comparado a igual período no ano passado. Nos últimos 12 meses, foi constatado retrocesso de 4%.
O consumo das famílias teve aumento de 2% em relação ao segundo trimestre. Quando confrontado com o terceiro trimestre de 2008, nota-se alta de 3,9%. Ao longo dos nove primeiros meses, os gastos das famílias cresceram 2,8%, e no acumulado dos últimos 12 meses, têm incremento de 3,1%.
O consumo do governo no terceiro trimestre registrou alta de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Sobre igual período em 2008, constatou-se crescimento de 1,6%. De janeiro a setembro, registra alta de 3,3%, e nos últimos 12 meses, o aumento chega a 2,5%.
Investimentos
O investimento, medido pela chamada FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo), subiu 6,5% no terceiro trimestre, se comparado ao segundo trimestre. Em relação ao terceiro trimestre de 2008, houve retração de 12,5%. No acumulado dos nove primeiros meses, a queda foi de 14,2%, e nos últimos 12 meses, a redução chega a 10,2%.
A taxa de investimento no trimestre passado representou 17,7% da formação do PIB. No mesmo período de 2008, a taxa representava 20,1%.