Bovespa fecha em queda de 0,99% com decepção por BC americano 16/12/2009
- Epaminondas Neto - Folha Online
Cautela foi a palavra de ordem no ambiente de negócios desta quarta-feira na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Uma alta bastante modesta predominou durante boa parte do dia, mas depois do anúncio do Federal Reserve (o banco central dos EUA), o mercado deu uma virada para o terreno negativo, com alguma frustração dos investidores pelo comunicado pós-reunião. A taxa de câmbio doméstica cravou R$ 1,75.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, caiu 0,99% no fechamento, aos 68.622 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,32 bilhões. Ainda operando, a Bolsa de Nova York recua 0,14%.
O volume de negócios foi inflado pelo vencimento de opções sobre opções sobre índice. Opções são contratos em se negociam direitos de compra ou de venda de um ativo financeiro (como ações ou dólar, por exemplo), e que devem ser exercidos até um determinado prazo. No dia do vencimento desses direitos, o giro de negócios tradicionalmente sobe, adicionando volatilidade aos negócios regulares da Bolsa.
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O dólar comercial foi vendido por R$ 1,750, em queda de 0,22%. A taxa de risco-país marca 201 pontos, número 2,55% acima da pontuação anterior.
Entre as principais notícias do dia, o banco central americano não surpreendeu e manteve a taxa básica de juros dos EUA na banda entre zero e 0,25% ao ano. O comunicado pós-reunião apontou uma visão mais favorável sobre a economia americana, na comparação com o texto revelado no início de novembro.
O profissional da corretora Alpes, Expedito Araújo, viu alguma "decepção" do mercado com o tom do comunicado. "Creio que muitos no mercado já contavam com alguma sinalização de que os juros pudessem subir ou no primeiro ou no segundo trimestre do ano que vem. Isso não ocorreu, o que pode significar que a economia [dos EUA] ainda não voltou a rodar normalmente, a ponto da demanda voltar a ser uma preocupação [para a autoridade monetária]", avalia.
O analista David Brusque, da corretora Geral, ressalta o temor dos investidores com alguns patamares a que a Bolsa chegou nos últimos dias. "Tem muita gente com medo do passado, quando a Bolsa chegou aos 70 mil, 73 mil pontos. Ele deixou programado na corretora para disparar ordens de venda quando o Ibovespa bater perto dos 70 mil pontos, e quando o índice já se aproxima desse preço, ele quer sair do mercado. Nós podemos ver o mesmo quando o Dow Jones [índice de ações da Bolsa de Nova York] chega perto dos 10,500 pontos", diz ele.
Pouco antes do Fed, o Departamento do Trabalho dos EUA anunciou uma inflação de 0,4% em novembro, ante 0,3% em outubro, pela leitura do CPI (Índice de Preços ao Consumidor, na sigla em inglês). A variação veio em linha com as expectativas do setor financeiro. E o Departamento do Comércio reportou um crescimento de 8,9% em novembro na construção de casas em novembro. Trata-se do primeiro aumento deste indicador, após cinco meses de quedas consecutivas.
Na Europa, o instituto Markit apontou que a atividade no setor de serviços da zona do euro cresceu no ritmo mais forte em dois anos. Já a produção manufatureira teve a maior expansão desde março de 2008. E o Eurostat, a agência europeia de estatísticas, registrou uma inflação de 0,5% em novembro, para os países dessa região.
No rol das principais notícias domésticas, o Ministério do Trabalho comunicou uma geração recorde de empregos formais no país em novembro: 246.695 empregos formais em novembro, praticamente o dobro de novembro de 2007, quando foram criados 124.554, melhor resultado para este mês até então.