Bovespa encerra semana de pessimismo com recuo de 0,41% 18/12/2009
- Folha Online
O mau humor com a economia mundial deu o tom dos negócios na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que se manteve em terreno negativo na maior parte do pregão desta sexta-feira. A perspectiva de um ajuste dos juros nos EUA e o medo pela economia europeia foram os assuntos predominantes nas mesas de operações. Esse nervosismo também influenciou o câmbio doméstico, que testou o patamar de R$ 1,80.
Somente nessa semana, a Bolsa de Valores perdeu 3,57%; no mesmo período, o dólar subiu 1,48%. No mês, a retração é de 0,37%; no caso da moeda americana, a alta acumulada é de 1,65%.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, retraiu 0,41% no fechamento, aos 67.749 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,46 bilhões. Ainda aberta, a Bolsa de Nova York cede 0,11%.
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O dólar comercial foi vendido por R$ 1,783, em queda de 0,44%. A taxa de risco-país marca 211 pontos, número 2,31% abaixo da pontuação anterior.
Há pelos duas análises fortes, que influenciaram os negócios na jornada de hoje: primeiro, a percepção de que a economia americana melhorou o suficiente para que o Federal Reserve inicie a retirada de estímulos aos agentes financeiros; segundo, a avaliação de que o rebaixamento da "nota" da Grécia lança uma 'sombra' sobre as demais economias europeias, também às voltas com problemas fiscais.
Outros analistas também citaram a China: o governo desse país está preocupado com uma possível "bolha" no setor imobiliário -- um assunto recorrente entre analistas econômicos -- e também pode subtrair parte das medidas tomadas no auge da crise de 2008.
"O mercado comenta pelo menos dois sinais de que o Fed [banco central americano] deve subir os juros: primeiro, os grandes bancos já começaram a devolver o dinheiro tomado [no pior momento da crise]; segundo, o Fed já avisou que vai reduzir parte daquelas operações de emergência para dar dinheiro ao setor financeiro. É possível que ele vislumbre uma grande melhora da economia no ano que vem, ou até o fim da recessão", comenta Antonio Cesar Amarante, gestor de investimentos da corretora Senso.
Nos últimos dias, vários bancos e gestores de investimentos publicaram projeções em que apontam a Bolsa de Valores na casa dos 80 mil pontos, ou mais. Para Amarante, é mais provável que o mercado de ações passe por um período de realização (vendas) ainda mais forte no curto prazo, derrubando o índice Ibovespa para os 65 mil pontos e, possivelmente, para os 60 mil. "Ainda há um sentimento de otimismo exagerado com relação à economia mundial", acrescenta.
Entre as principais notícias do dia, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) reportou uma taxa de desemprego de 7,4% em novembro, ante 7,5% no mês anterior. Trata-se do melhor resultado para um mês de novembro desde o início da série histórica, em 2002.
No front externo, o instituto econômico alemão Ifo informou que o nível de confiança do empresário da Alemanha na economia de seu país aumentou em dezembro para o maior patamar desde julho de 2008.
Empresas
A OGX, braço de petróleo e gás natural do grupo EBX, do empresário Eike Batista, anunciou uma nova descoberta de indícios de petróleo em blocos na Bacia de Campos, a maior região produtora no país. Trata-se do oitavo anúncio neste ano, embora a empresa somente leve em consideração dois campos, com reservas definidas. A ação ordinária valorizou 3,60% no pregão da Bovespa.
A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) ofereceu US$ 5,5 bilhões pela portuguesa Cimpor, maior produtora de cimento daquele país. A ação ordinária sofreu queda de 5,45%, sendo o terceiro papel mais negociado de hoje.