Saiba como planejar a compra da casa própria em 2010 01/01/2010
- G1-SP
Se nos Estados Unidos o setor imobiliário passou 2009 ainda patinando, por aqui o baque foi bem menor – e a casa própria virou realidade para muita gente. Só na Caixa Econômica Federal, foram mais de 750 mil imóveis financiados até novembro, atingindo o valor recorde de quase R$ 40 bilhões.
Para quem ainda não faz parte desse grupo – mas quer fazer – não há melhor hora para se comprometer que neste começo de ano. Planejar a compra da casa própria pode exigir mais dedicação do que frequentar a academia, mas o resultado pode ser mais duradouro que a barriga tanquinho.
É bom saber, no entanto, que a compra de um imóvel é um plano de longo prazo, e a promessa feita no Ano Novo pode só virar realidade em 2013. “Durante um ano é muito pouco provável conseguir juntar o dinheiro necessário para dar entrada em um imóvel. Em geral a pessoa acaba encarando como um projeto de curto prazo, mas a casa tem que ser de três, quatro anos”, diz Luiz Jurandir Simões, consultor da Fipecafi.
PUBLICIDADE
Antes de tomar a decisão, é preciso saber se a compra da casa própria é a decisão certa. “O imóvel, pela sua falta de liquidez, ele tem que estar casado com uma estratégia de mais longo prazo. Se você almeja ir trabalhar em outra cidade por dois anos, você não vai comprar apartamento lá. Se seu plano de longo prazo é ficar aqui, compra. Você tem que olhar as circunstâncias ao redor da sua vida e seu plano de médio e longo prazo. Nunca compre se o seu plano está muito indefinido”, ensina Simões.
Planejamento
Tomada a decisão, é hora de planejar. O ideal, segundo os especialistas, é dar pelo menos 30% a 40% do valor do imóvel como entrada, para não ficar preso a um financiamento de longo prazo e prestações caras. A recomendação é que a parcela do financiamento não comprometa mais de 25% da renda mensal, para que seja possível manter uma folga no orçamento em caso de emergência.
Para quem tem dinheiro no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), vale a pena “raspar o tacho” na hora de dar a entrada: “de preferência use todo o saldo possível e imaginável, porque não vale a pena deixar lá”, diz o especialista. Se o FGTS for suficiente, ótimo. Senão, a hora é de apertar o cinto. “Tem muito gasto que as pessoas fazem sem necessidade.”, diz Simões. Ele sugere que o consumidor faça uma “varredura” nos gastos, eliminando o que puder, para poupar o máximo possível.
“As pessoas gastam sem ter muita consciência disso. Um casal em que os dois têm carro e os dois ficam na garagem, juntando pó, não precisa disso. Ou pessoa trabalha num lugar fixo, mas tem celular”, diz.
7 DICAS PARA QUEM PRETENDE COMPRAR UM IMÓVEL
1. Saiba onde está pisando - Não importa se o imóvel é novo ou usado. O mutuário deve checar a construtora e a imobiliária que intermediam a compra. O comprador tem o direito de pedir toda a comprovação de que o imóvel está legalmente registrado e que obrigações com o poder público e o condomínio estão em dia.
2. Veja se o imóvel cabe no seu bolso - Dar o passo maior que a perna pode ser uma porta aberta para a futura inadimplência. Portanto, analise se o imóvel cabe no seu bolso. Para isso, a prestação mensal não deve passar de 25% da renda familiar. Além disso, após pagar a prestação e todas as suas outras contas, é bom conseguir poupar ao menos 10% do salário.
3. Guarde mais, financie menos - De acordo com consultores financeiros, o mutuário deve ter um terço do valor do imóvel para dar de entrada antes de pensar em contratar um financiamento. Assim, poderá encurtar o prazo da operação e reduzir a quantidade de juros a pagar – para especialistas, 15 anos é o prazo máximo recomendado.
4. Compare bem as taxas de juros - As taxas de juros podem variar bastante de banco para banco. Por isso, é bom que o consumidor fique atento: faz muita diferença, por exemplo, pagar uma taxa de 9% para o “banco a” ou de 12% para o “banco b”. Nesse caso, o cliente da instituição “a” pagará 25% menos que o mutuário que escolher a instituição “b”.
5. Lembre-se das taxas - Não basta ter dinheiro apenas para pagar o financiamento, é preciso também lembrar que existem custos com a transferência de propriedade do imóvel e também para o pagamento de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).
6. Escolha o imóvel que você precisa - Analistas de mercado de imóveis dizem que o comprador deve imaginar sua vida num prazo de oito anos: dentro de alguns anos, vou estar casado, formar família, vou trabalhar na mesma área? É com base nessa perspectiva de mais longo prazo, e não nas necessidades imediatas, que a decisão de compra deve ser tomada.
7. A localização faz a diferença - A localização é um dos principais fatores de valorização de um imóvel: fique atento a acesso a transporte, comércio, serviços e aos índices de violência do bairro onde você pretende comprar um imóvel. E não esqueça de respeitar o seu perfil: se você valoriza a tranqüilidade, não adianta comprar um apartamento para morar em um bairro boêmio só porque as perspectivas de valorização são boas.
É importante lembrar que, além do valor da entrada, há outros gastos ligados à compra do imóvel. Só em “burocracias”, como transferência de propriedade e tributos, o comprador vai pagar mais cerca de 5% do valor do imóvel. Se o apartamento for novo, há gastos com instalações, com piso e chuveiro. Se for usado, pode ser preciso gastar com a reforma. Nos dois casos, o custo pode superar 10% do valor do imóvel.
Além disso, ficar com o bolso vazio é sempre um risco. A recomendação é ter pelo menos dez meses dos gastos fundamentais como reserva. É possível “flexibilizar” um pouco essa regra, mas uma reserva de pelo menos três meses de gastos é imprescindível, segundo o especialista da Fipecafi.
A escolha do imóvel
Com o dinheiro nas mãos, a escolha do imóvel deve ser bem estudada. E a localização é o item primordial. “Você não compra o imóvel, compra o lugar onde o imóvel está. Não adianta encontrar uma pechincha se ela não se encaixa na sua vida”, aponta Simões.
Antes de fechar a compra da casa com o jardim na frente, ou o apartamento com sacada, é preciso saber se ele atende ao perfil do comprador, se a região tem boa oferta de condução, se não é muito distante do trabalho ou da escola dos filhos, se não há uma escola de samba ou uma feira no quarteirão ou se costuma ter enchente.
“Tem que entender a sua necessidade residencial. A prospecção tem que ser demorada, tem que andar muito, tem que procurar. Imóvel exige uma compra racional, cuidadosa, com muita pesquisa”, diz Simões.