Vice-governadores terão máquina nas mãos na campanha 04/01/2010
- Renan Ramalho - Folha de S.Paulo
Eles ainda patinam nas pesquisas, mas terão a chance de alavancar suas candidaturas aos governos estaduais a partir de abril. É quando pelo menos cinco vice-governadores -- já lançados como pré-candidatos -- assumirão seus Estados e, com o poder em mãos, tentarão subir nas intenções de voto.
Essa facilidade decorre de uma brecha na regra da desincompatibilização. Ela diz que, para disputar outros cargos, os governadores devem renunciar seis meses antes das eleições. Com isso, os vices assumem o governo e, caso queiram se reeleger (já como titulares), permanecem nos cargos durante toda a campanha.
Nessa situação estão Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Norte. Nesses Estados, os governadores já indicaram os vices como seus candidatos preferidos à sucessão, e o clima de campanha já chegou às ruas.
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Em outros três -- Santa Catarina, Rondônia e Piauí -- os vices não confirmaram a pré-candidatura. Em todos os casos, os atuais governadores saem para tentar o Senado.
Em Minas, Antonio Anastasia (PSDB) amarga a terceira posição nas intenções de voto, segundo o Datafolha -atrás de Hélio Costa (PMDB) e dos petistas Fernando Pimentel ou Patrus Ananias. Conta, porém, com o apoio de Aécio Neves (PSDB), cuja aprovação é de 73%, a maior do país.
Braço direito de Aécio nos dois mandatos, Anastasia, 46, gerenciou os principais programas do governo: o "choque de gestão" (para reduzir o deficit fiscal) e o Estado para Resultados (que definiu metas para a administração pública).
Discreto, Anastasia cultiva o discurso articulado dos tempos como professor da UFMG. Faltam-lhe, porém, a popularidade e o traquejo político de Aécio, qualidades que tenta ganhar com uma intensa agenda de inaugurações e visitas em todo o Estado no último ano. "Evoluiu muito na maneira de abordar as pessoas, cumprimentar o povo. Internalizou a ideia de que é candidato", diz um dos opositores, o deputado petista Virgílio Guimarães.
No vizinho Espírito Santo, a aposta do governador Paulo Hartung para a sucessão é Ricardo Ferraço, 46, também peemedebista. Depois de acumular cargos legislativos, Ferraço foi, no primeiro mandato, secretário de Agricultura, e no segundo, além de vice-governador, secretário de Transportes.
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Em Mato Grosso, é o vice Silval Barbosa (PMDB), 48, quem tenta ajustar a imagem à do chefe Blairo Maggi (PR). Antes apelidado de "motosserra de ouro" (referência ao título de maior desmatador do país), Blairo se esforça para figurar como novo convertido à causa ambiental. Já Silval chegou a defender a redução de parques ambientais em 2006, mas hoje tem dado forte atenção à agricultura familiar do interior.
Personagem apagado na política paranaense, o vice Orlando Pessuti (PMDB), 56, foi lançado pré-candidato pelo governador Roberto Requião (PMDB). Longe do favoritismo, pode assistir a uma disputa polarizada entre o senador Osmar Dias (PDT) e o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB).
Outro que luta para se destacar é o vice de Wilma Faria (PSB) no Rio Grande do Norte, Iberê Ferreira (PSB), 64. No governo, acumulou secretarias e mantém boa relação com prefeitos. O PMDB, aliado de Wilma, está dividido: o senador Garibaldi Alves apoia a colega Rosalba Ciarlini (DEM). O deputado Henrique Eduardo Alves minimiza o "baixo apelo popular" do candidato. "A questão é de coerência, de trazer a base do governo Lula para cá."