Bovespa cai 0,39% no fechamento e quebra sequência de ganhos 07/01/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou o dia em baixa após oito dias consecutivos de ganhos. Sob expectativa de um indicador fundamental da economia americana previsto para amanhã, o investidor optou por vender ações que subiram demais nos últimos dias e esperar. A taxa de câmbio doméstica voltou a subir e cravou R$ 1,74.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, cedeu 0,39% no fechamento, aos 70.451 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,2 bilhões. Ainda operando, a Bolsa de Nova York sobe X%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,745, em um avanço de 0,34% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país foi mantida na 191 pontos.
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A queda de hoje era esperada por dez entre dez corretores, surpresos com o período de mais de uma semana de ganhos da Bolsa de Valores, que já valorizou mais de 80% no ano passado. Para alguns profissionais, o mercado de ações brasileiro, que andou relativamente "descolado" da praça de Nova York (sua principal referência externa), pode passar por um período de quedas ainda no curto prazo.
"Tem muita gente comprando, mas sem convicção. O mercado parece que entrou numa onda de euforia. O que eu vejo, na verdade, é que muitos investidores estão engatilhados para realizar lucros [vender] já há alguns meses, mas o fluxo [de compra] está muito forte", comenta Fábio Prandini, profissional da corretora Elite, identificando principalmente investidores estrangeiros e pessoas físicas como os motores dessa onda de compras. "Assim que o mercado enfraquecer um pouco, ou sair algum indicador da economia americana muito ruim, isso pode ser o gatilho para essa realização", acrescenta.
Amanhã, o governo americano revela o fundamental "payroll", relatório com o número de vagas abertas e fechadas em dezembro, bem como a taxa de desemprego do período. Analistas consideram o resultado fundamental para definir o rumo dos negócios nos próximos dias, já que o mercado de trabalho é um dos segmentos ainda preocupantes da maior economia do planeta.
EUA e China
O Departamento de Trabalho dos EUA revelou que a demanda pelos benefícios do auxílio-desemprego foi menor do que o previsto: nas duas últimas semanas houve um aumento de somente mil pedidos na cifra total (434 mil). Economistas do setor financeiro esperavam um montante na casa dos 447 mil.
Entre outras notícias importantes do dia, o Banco do Povo da China (banco central do país) surpreendeu o mercado e elevou as taxas de juros praticadas no curto prazo (títulos de três meses). Economistas se dividiram em torno da medida: para uns, significa que a autoridade monetária asiática está disposta a tomar medidas mais efetivas para conter a inflação; para outros, significa apenas que o BC chinês quer evitar uma concessão exagerada de empréstimos.
O Banco Central britânico seguiu o roteiro esperado por muitos analistas e manteve a taxa básica de juros em 0,50% ao ano, a menor da história. A autoridade monetária também manteve seu programa para injetar recursos novos no sistema financeiro, de modo a estimular a concessão de crédito.
Entre outros indicadores importantes, o Reino Unido registrou uma queda de 6,4% na venda de carros novos em 2009; e a Alemanha contabilizou um recuo de 1,1% nas vendas do setor varejista em novembro.
No front doméstico, o IBGE estimou que a safra de grãos em 2010 deve atingir 140,7 milhões de toneladas, crescimento de 5,2% ante 2009. A produção do ano passado foi estimada em 133,8 milhões de toneladas, a segunda maior da série histórica.