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DIA A DIA

Em Porto Príncipe, Ban Ki-Moon pede "paciência" aos haitianos
18/01/2010 - BBC

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pediu aos cada vez mais frustrados haitianos que tenham paciência em relação aos esforços para o envio de ajuda humanitária ao país após o terremoto que provocou devastação no país na última terça-feira.

Durante uma visita à capital haitiana, Porto Príncipe, ontem, Ban disse que a situação no país é “a pior crise humanitária em décadas”.

O secretário-geral da ONU esteve também em um acampamento provisório para sobreviventes em frente ao palácio presidencial, que foi destruído pelo tremor. Ban foi recebido por pessoas que gritavam: “Onde está a comida? Onde está a ajuda?”.


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Ban disse entender a frustração das pessoas, mas disse que não quer ver episódios de violência entre os sobreviventes desesperados. “Faço um apelo ao povo haitiano para que seja mais paciente”, disse.

Segundo ele, a entrega de alimentos diariamente para cerca de 2 milhões de pessoas, como prometido pela ONU, seria um “desafio enorme”.

“Precisamos estar seguros de que nossa ajuda chegue às pessoas que precisam dela o mais rápido possível”, disse.

Dificuldades

Alimentos e água finalmente começaram a chegar no fim de semana a algumas regiões de Porto Príncipe, mas os esforços humanitários ainda estão sendo dificultados por obstáculos.

Um grande número de sobreviventes tem tido que recorrer à ajuda de outros sobreviventes, por causa da demora na chegada de ajuda externa.

Muitos moradores de Porto Príncipe estão tentando deixar a cidade. Há ainda preocupação com os crescentes relatos de episódios de saques e de violência.

Um contingente de 7.500 soldados americanos deve chegar nesta segunda-feira a Porto Príncipe para ajudar a restaurar a ordem na capital.

Eles deverão auxiliar as forças de paz da ONU e as forças haitianas.

“Temos 2 mil policiais em Porto Príncipe que foram gravemente afetados pelo terremoto. E 3 mil bandidos escaparam da prisão”, disse. “Isso dá uma ideia de como a situação está ruim.”

Segundo relatos, vários saqueadores foram linchados ou mortos a tiros por pessoas comuns nas ruas da capital.

Sede destruída

Ban Ki-Moon visitou ainda em Porto Príncipe as ruínas da sede da missão da ONU no país, onde vários funcionários foram mortos, entre eles o chefe da missão, o tunisiano Hedi Annabi, e o brasileiro Luiz Carlos da Costa, o segundo na linha de comando da organização no Haiti.

Também ontem, um funcionário dinamarquês da ONU foi retirado com vida dos escombros do prédio.

Outras quatro pessoas foram encontradas com vida entre escombros de edifícios destruídos em Porto Príncipe ontem.

O Programa de Alimentos da ONU disse que esperava no domingo atender a 60 mil pessoas, contra 40 mil no dia anterior.

Um funcionário do governo americano afirmou que as autoridades americanas enviaram 130 mil refeições, mas disse que ainda mais são necessárias.

Movimento

Segundo correspondentes da BBC em Porto Príncipe, há uma sensação na cidade de que há finalmente algum movimento em relação aos esforços de ajuda, ainda que a quantidade de suprimentos seja ainda muito pequena em relação à necessidade.

Segundo o jornalista David Loyn, da BBC em Porto Príncipe, as ruas da capital estão cheias de pessoas desabrigadas, que vêm dormindo ao relento. Muitos têm que andar por horas pela cidade para buscar comida e água.

A maior parte dos alimentos e da água tem sido distribuída informalmente por pessoas comuns.

Várias agências ou países reclamaram de não ter conseguido entregar sua ajuda pelo aeroporto de Porto Príncipe, que está fortemente congestionado.

O porto da capital está seriamente danificado, e muitas estradas ainda estão bloqueadas por corpos e escombros.

Segundo a ONU, os governos do Haiti e da República Dominicana, que dividem a ilha Hispaniola, estão planejando um corredor humanitário alternativo de 130 quilômetros por terra para permitir a entrega de suprimentos a partir da cidade dominicana de Barahona.

A ONU também advertiu sobre a escassez de combustível no país, que também pode afetar as operações humanitárias.

  

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