Bovespa valoriza no fechamento mas sem recuperar os 70 mil pontos 19/01/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve um novo dia de recuperação, favorecido pelo bom humor dos investidores também no mercado externo. Mas alguma preocupação com a economia chinesa fez o mercado brasileiro operar em terreno negativo ao longo do pregão desta terça-feira. A taxa de câmbio doméstica cravou R$ 1,77.
O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, subiu 0,73% no fechamento, aos 69.908 pontos. No decorrer do pregão, a Bolsa chegou a retomar o nível dos 70 mil pontos, estabelecido no início deste ano. O nível histórico do Ibovespa é de 73.516 pontos, registrado em maio de 2008. O giro financeiro foi de R$ 5,6 bilhões. Ainda operando, a Bolsa de Nova York avança 1,05%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,771, em um avanço de 0,22%. A taxa de risco-país marca 204 pontos, número 2,39% abaixo da pontuação anterior. Os preços da moeda americana oscilaram entre R$ 1,782 e R$ 1,772. "Nós vemos uma resistência muito forte do dólar nesse patamar de R$ 1,78. Nos últimos dias, chega nesse preço, mas não ultrapassa, mas isso é somente uma questão de tempo", comenta o gerente da Confidence Câmbio (especializada em câmbio turismo), Felipe Pellegrini.
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Entre as notícias de maior repercussão no dia, mereceu muitos comentários a iniciativa da autoridade monetária asiática, que elevou os juros pagos em títulos públicos com um ano de prazo, aumentando o custo do capital.
Anteriormente, o governo da China determinou o aumento da fatia de recursos que os bancos devem manter em reservas (depósito compulsório) e dessa forma, tirando dinheiro de circulação da economia. Além disso, o banco central desse país já havia elevado os juros de curto prazo no mercado.
A caixa de ressonância da economia chinesa é principalmente a ação da Vale, gigante do minério de ferro, e grande exportadora de commodities para o país asiático.
"A questão é que a Vale tem sustentado esse mercado nos últimos tempos. A ação da Petrobras ficou um pouco parada, principalmente porque a empresa está um ponto de interrogação. Há dúvidas sobre capitalização, investimentos. Além disso, o mercado já chegou num patamar que preocupa alguns investidores. Assim, nós ficamos sem definir uma tendência", comenta Waldney Trindade, analista da corretora Uniletra. "Daqui até o Carnaval, será desse jeito que nós vimos nos últimos dias: o mercado bastante volátil e indeciso, acompanhando os balanços", acrescenta.
Além do país asiático, também foi destaque o balanço do conglomerado financeiro americano Citigroup -- um dos mais abalados pela crise financeira. O banco revelou hoje prejuízos de US$ 7,6 bilhões para o quarto trimestre do ano passado. No último trimestre de 2008, o banco havia amargo perdas ainda maiores, de US$ 17,26 bilhões. E a provisão do banco para cobrir perdas com créditos duvidosos caiu 36% no trimestre na comparação anual, para US$ 8,2 bilhões.
O mercado também aguardava o balanço da IBM (tecnologia da informação), previsto para depois do encerramento dos mercados.
No front doméstico, a FGV apontou inflação de 0,51% em janeiro pela leitura do IGP-M (segunda estimativa do mês). Nos últimos 12 meses o índice acumula, nessa leitura, queda de 0,79%.
A Previdência Social revelou um deficit de R$ 43,614 bilhões para o ano de 2009, o pior resultado desde 2007.