Bovespa encerra semana volátil com perda de 0,08% 22/01/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
Os investidores preferiram vender ações que subiram demais nos últimos dias, diante de um final de semana estendido, e determinaram o terceiro dia de baixa da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) na jornada desta sexta-feira. Não vai haver pregão na segunda, por conta de um feriado local (aniversário de São Paulo).
China e EUA continuaram a ser os principais motivos de nervosismo e devem continuar assim na semana que vem. A taxa de câmbio subiu pelo quarto dia e bateu a cotação de R$ 1,81, a mais alta desde 21 de setembro de 2009.
Na semana, a Bolsa acumulou retração de 4%, enquanto o preço da moeda americana subiu 2,43%. Neste mês, o decréscimo da Bolsa chega a 3,45%, enquanto a cotação do dólar avançou 4,25%.
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O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 0,08% no fechamento, aos 66.220 pontos. O giro financeiro foi de R$ 7,01 bilhões. Ainda operando, a Bolsa de Nova York cai 1,70%.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,815, em um avanço de 0,77%. A taxa de risco-país marca 222 pontos, número 0,45% acima da pontuação anterior.
As propostas do governo Barack Obama para restringir a atuação dos bancos desagradaram muitos investidores, que optaram por fugir de ativos de risco. Além disso, muitos agentes do mercado reagiram mal à expansão de 8,7% do PIB (Produto Interno Bruto) chinês, temendo que uma das "locomotivas" da economia global, e uma das maiores compradoras de commodities, anuncie novas medidas para conter o crescimento.
"O que estressou o mercado foi a questão da China, que mostrou um crescimento excepcional, e um pouco menos os indicadores e balanços que saíram nesses últimos dias. O que também preocupou bastante foi o discurso do Obama, sobre a regulamentação dos bancos", sintetiza Felipe Casotti, economista da Máxima Asset Management.
"Essas medidas devem restringir os lucros dessas instituições financeiras. Além disso, o mercado realmente precisava ter alguma realização [venda], porque os preços das ações estavam muito 'esticados'. Quer dizer, acho que juntou um pouco 'a fome' com 'a vontade de comer'", acrescenta. No ano passado, a Bolsa valorizou 82,66% e até o meio da semana passada, teve ganhos de quase 3%.
Entre as principais notícias do dia, o IBGE apontou inflação de 0,52% em janeiro, pela leitura do IPCA-15, visto como uma estimativa prévia do índice oficial do governo.
Ainda no front doméstico, a Unipar anunciou o fechamento de acordo para venda do controle da petroquímica Quattor por R$ 870 milhões. Os ativos da Quattor devem ser incorporados pela gigante do setor Braskem, controlada pela Odebrecht, com participação da Petrobras.
A ação preferencial da Petrobras, o segundo ativo mais negociado da Bolsa, teve alta de 1,22%. A ação de mesmo tipo da Braskem cedeu 2,29%, enquanto a ação da Unipar caiu 5,88%.