Mercado negocia dólar por R$ 1,837, alta de 0,93%, após abertura 26/01/2010
- Folha Online
O mercado de câmbio doméstico troca o dólar comercial por R$ 1,837 após as primeiras operações registradas nesta terça-feira. A taxa representa uma elevação de 0,93% sobre a cotação da véspera, quando a moeda atingiu sua maior cotação desde setembro de 2009, em R$ 1,820.
Com a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) fechada na segunda-feira por ocasião do aniversário da cidade de São Paulo, o Banco Central deixou de realizar o tradicional leilão de compra de dólares que tem sido feito diariamente para engrossar as reservas internacionais. Sem interferência, a moeda fechou em alta de 0,28%.
A semana passada marcou o fim de um período de relativa tranquilidade para os mercados financeiros e analistas aguardam um cenário ainda mais nervoso e volátil nos próximos dias.
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A aprovação do nome de Ben Bernanke para mais uma temporada à frente do Federal Reserve (banco central dos EUA) no Senado é um desdobramento que deve mexer com os nervosos dos agentes financeiros nos próximos dias. Em que pesem as críticas contra o atual titular do Fed, ele é um nome de confiança para o mercado financeiro e a possível manutenção do executivo no cargo ajudou as Bolsas americanas a encerrarem o dia em alta ontem.
No final de semana, alguns senadores republicanos e democratas se manifestaram a favor da manutenção de Bernanke e indicaram que já haveria um certo consenso em torno de seu nome.
O mercado também vai monitorar as discussões no legislativo americano em torno do plano da Casa Branca para regulamentar o sistema financeiro. O projeto de Barack Obama prevê uma série de restrições às atividades dos bancos e foi bastante mal visto por Wall Street.
China também deve seguir no radar de investidores e analistas. Pequim informou na quarta-feira um crescimento econômico de 8,7% em 2009, superando até mesmo as previsões mais otimistas. Economistas temem uma nova rodada de medidas para conter a expansão da economia, como já sinalizado por uma série de iniciativas do governo chinês: o ajuste dos juros pagos nos títulos públicos, e o aumento do recolhimento compulsório nos depósitos bancários. O país asiático está entre os maiores importadores de commodities do planeta.
Agenda
A agenda de indicadores também traz alguns dos eventos mais importantes do mês. No Brasil, o destaque é ar reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que anuncia na quarta a nova taxa básica de juros do país, a Selic, referência para o custo dos empréstimos a consumidores e empresas.
A maioria dos economistas de bancos e corretoras espera que o Comitê mantenha a chamada taxa Selic em seu nível atual -- 8,75% ao ano -- mas já enxergam riscos de que esse juro suba a partir de abril ou junho, provavelmente encerrando 2010 acima dos 10% ao ano.
Nos EUA, o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês) do Fed, anuncia também na quarta a nova taxa básica de juros americana, hoje mantida próxima de zero e que não deve sofrer alteração, conforme as expectativas dos economistas. Hoje, o indicador principal divulgado nesse país é a estatística sobre as vendas de imóveis usados.
Tanto no Brasil como nos EUA, o que realmente deve merecer atenção dos investidores é o comunicado divulgado pelas respectivas autoridades monetárias. Há um relativo consenso de que, ainda neste ano, os governos devem iniciar o processo para retirar os estímulos (juros baixos) concedidos no auge da crise de 2008.