Bovespa fecha em queda de 0,28% e perde 4,65% no mês 29/01/2010
- Epaminondas Neto - Folha Online
O bom humor dos mercados financeiros com o PIB (Produto Interno Bruto) americano durou pouco e não foi suficiente para sustentar a recuperação vista pela manhã. As preocupações que dominaram a semana (China e limites aos bancos) contribuíram para derrubar as Bolsas de Valores, encerrando a semana em tom negativo. A taxa de câmbio doméstica subiu nove dias consecutivos e atingiu R$ 1,88, o nível mais alto desde o início de setembro.
No mês de janeiro, o preço da moeda americana subiu 8,3%, enquanto a Bolsa de Valores amargou baixa de 4,65%.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, recuou 0,28% no fechamento, aos 65.401 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,3 bilhões. Ainda operando, a Bolsa de Nova York cede 0,52%.
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"Realmente, o PIB dos EUA veio melhor do que o esperado e surpreendeu todo mundo. O problema é que o mercado continua se preocupando com a China, onde estão procurando travar o crédito de todas as maneiras possíveis. Além disso, em Davos, muitos falaram em limitar as atividades dos bancos, o que gerou protestos de alguns banqueiros. Creio que isso deixou o mercado nervoso", comenta David Brusque, analista da corretora Geral.
Na semana passada, o presidente dos EUA, Barack Obama, já havia falado em regulamentar o sistema financeiro e impor travas à chamada "alavancagem" (quantidade de dinheiro que os bancos podem emprestar em relação as suas reservas). Essas discussões ecoaram no Fórum Econômico Mundial, em vozes tão diferentes quanto o megainvestidor George Soros ou o ministro brasileiro da Fazenda Guido Mantega.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,885, em alta de 0,96%. A taxa de risco-país marca 233 pontos, número 3,09% acima da pontuação anterior.
"O que nós vimos foi uma saída expressiva de recursos da Bolsa. Acredito que os investidores ainda estão preocupados e com alguma dúvida sobre a recuperação das economias. Mesmo nos EUA, muitos estão reclamando que, por enquanto, somente os bancos estão realmente crescendo", avalia Johny Kneese, diretor da corretora Levycam.
Entre as principais notícias do dia, o governo americano informou que o PIB do país teve expansão de 5,7% (variação anual) no quarto trimestre do ano passado, uma variação muito acima do previsto por economistas do setor financeiro (4,7%).
Ainda no front externo, a Eurostat, a agência europeia de estatísticas revelou que a taxa de desemprego entre os países da zona do euro (que adotam essa moeda) atingiu 10% em dezembro, a maior taxa em 11 anos. E o governo japonês informou uma taxa de desemprego de 5,1% em 2009, a pior taxa em seis anos. Também no ano passado, as autoridades japonesas calcularam uma deflação de 1,3% (preços ao consumidor).
No Brasil, a FGV (Fundação Getulio Vargas) apontou um aumento na confiança dos empresários na economia do país. O chamado ICI (Índice de Confiança da Indústria) subiu pelo 12º consecutivo, atingindo sua maior leitura (em pontos) desde julho de 2008.
Já entre os principais balanços divulgados hoje, a fabricante americana de brinquedos Mattel informou um lucro de US$ 328,4 milhões no quatro trimestre de 2009, número 86% superior ao resultado de um ano antes. No Brasil, a empresa de meios eletrônicos de pagamento, anunciou um lucro líquido de R$ 401,1 milhões para o quarto trimestre do ano passado, o que representa um acréscimo de 5,7% sobre o resultado de 2008 no mesmo período.