Pinhão-manso será pesquisado 17/02/2010
- Fernanda Yoneya - O Estado de S.Paulo
Planta muito comentada pelo potencial de produção de biodiesel, ainda tem, porém, uso basicamente empírico
O tão falado e pouco conhecido pinhão-manso (Jatropha curcas L.), arbusto grande e rústico da mesma família da mandioca e da mamona e considerado uma importante matéria-prima para a produção de biodiesel, será objeto de mais uma pesquisa no País. Por meio de um projeto de cooperação, firmado em dezembro pela Embrapa Agroenergia e Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão-Manso (ABPPM), serão instaladas quatro áreas experimentais de plantio para a coleta de informações sobre a planta.
"É uma cultura nova, que precisa ser estudada e domesticada", diz o diretor da ABPPM, Roberto Murat. Segundo ele, as unidades de observação, como são chamadas as áreas de plantio, vão ajudar a pesquisa a levantar dados de produtividade, pragas e comportamento da planta. Nesta primeira fase os plantios serão instalados em São Luís (MA), Tucuruí (PA), Barbacena (MG) e Alta Floresta (MT), numa área total de 30 hectares. "Os parceiros vão conduzir os plantios conforme recomendações técnicas da Embrapa e coletar e disponibilizar, para a pesquisa, dados de biologia da planta, produtividade, crescimento, pragas e doenças", explica Murat.
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Embora seja conhecido por ter alto teor de óleo - estima-se que esse teor seja de 37% -, não há cultivar registrada nem plantios comerciais de pinhão-manso no País. "Por não ser uma planta comestível, como soja, canola ou girassol, o pinhão-manso chamou a atenção da cadeia dos biocombustíveis por seu potencial de produção de óleo", diz Murat.
A pesquisa deve levar de quatro a sete anos para domesticar a planta e a previsão é a de que o registro de uma cultivar no Ministério da Agricultura saia dentro de cinco anos. "O pinhão-manso é uma cultura perene, que atinge o pico de produção a partir do quarto, quinto ano. Para ter resultados, temos de esperar", diz o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola. Laviola explica que a Embrapa possui um banco de germoplasma e que as cultivares mais promissoras serão selecionadas para o plantio. "Esses materiais genéticos serão submetidos a diferentes sistemas de cultivo, em diferentes regiões, e vamos colher os resultados", afirma o pesquisador da Embrapa.
O projeto está em fase de produção de mudas e, em março, começa a instalação dos plantios.