Em terceiro dia de baixa, Bovespa fecha em queda de 1,6% 23/02/2010
- Folha Online
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) acumulou seu terceiro pregão de perdas na jornada desta terça-feira. As Bolsas americanas e europeias também fecharam em terreno negativo, num dia em que as economias da Alemanha, França e EUA revelaram números desanimadores. A taxa de câmbio doméstica cravou R$ 1,82.
As ações da Telebrás, que chegaram a desabar cerca de 10%, terminaram a sessão de hoje com desvalorizações modestas: as ações preferenciais caíram 0,38% enquanto as ordinárias cederam 1,57%.
Esses papéis voltaram aos holofotes com os planos do governo para criar um serviço público de acesso à internet de alta velocidade (banda larga). A informação chegou a ser "confirmada" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta semana, mas foi "relativizada" por autoridades do governo nesta terça-feira.
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E reportagem da Folha apontou hoje o envolvimento do ex-ministro José Dirceu em companhia que será beneficiada com a possível reativação da estatal. "Exista ou não o PNBL [Plano Nacional de Banda Larga] e a reorganização da Telebrás, os credores, os proprietários da Eletronet e o governo federal terão que responder pelos passivos e ativos da Eletronet. E cada um poderá ser prejudicado ou beneficiado", escreveu o ex-ministro em seu blog.
O Ibovespa, índice que reflete os preços das ações mais negociadas, recuou 1,60%, aos 66.108 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,98 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York fechou em queda de 0,97%.
O dólar comercial foi vendido por R$ 1,827, em alta de 0,88%. A taxa de risco-país marca 219 pontos, número 5,82% acima da pontuação anterior.
"Nós sabemos que, na verdade, o problema não é só a Grécia, o problema é com a União Europeia, é com o euro. O mercado levou o euro a US$ 1,5 desconsiderando um monte de questões, que já vem lá de trás", comenta Ideaki Iha, profissional da corretora de câmbio Fair. Para o analista, a taxa de câmbio deve continuar oscilando entre R$ 1,80 e R$ 1,85 pelos próximos dias, mas não descarta uma aproximação a R$ 1,90 em momentos de maior nervosismo com a situação na Europa ou mesmo, China.
No front externo, os indicadores das maiores economias da região contribuíram para derrubar as Bolsas e europeias, aumentando a aversão ao risco dos investidores. Na Alemanha, uma sondagem revelou que os empresários locais estão mais pessimistas; na França, o nível de gastos dos consumidores sofreram sua pior contração em dois anos.
Horas depois, estatísticas dos EUA não ajudaram a melhorar o humor do mercado. O instituto Conference Board registrou uma piora na confiança dos consumidores: o índice recuou para o seu menor nível desde julho.
O mercado opera sob expectativa das palavras de Ben Bernanke (presidente do banco central americano) amanhã. Os novos rumos da política monetária (juros) dos EUA são o foco da preocupação do mercado nesta semana. Um ajuste nos juros básicos americanos, hoje mantidos em quase zero, teria efeitos diretos sobre as Bolsas de Valores, commodities e moedas.
"Ele provavelmente vai dizer que a situação, devido ao alto desemprego, ainda continua muito problemática nos EUA, agravada pela crise na zona do euro, isto é, que não tem céu de brigadeiro, e que portanto serão necessárias medidas para conter o pessimismo. Acho que ele também vai afirmar que não vai mexer nos juros por mais algum tempo, e que a meta é conter o desemprego", avalia Boris Kogan, da mesa de operações da corretora Walpires. "A taxa [desemprego] já caiu de 10% para 9,7%, mas ainda está muita alta", acrescenta.
No front doméstico, o IBGE apontou inflação de 0,94% em fevereiro, ante 0,52% em janeiro, pela leitura do IPCA-15, visto como uma prévia do índice oficial de inflação.
O mesmo instituto registrou um crescimento de 5,9% das vendas do setor varejista em 2009. A receita nominal de vendas no comércio teve expansão de 10% ao longo do ano passado.